Hadassa é um nome hebraico e significa "Murta" uma planta usada para fazer cerca-viva. Remete à proteção. Hadassa ficou órfã muito cedo. Foi criada por seu primo Mardoqueu, ou Modecai. Eles moravam em Susã, capital do Reino da Pérsia. Mardoqueu trabalhava no palácio. Escriba do Rei Assuero.
O Rei Assuero foi conhecido na história como um rei cruel. Certa ocasião fez uma imensa festa. Durou meses. Um dia quis que sua rainha, uma mulher lindíssima, comparecesse a essa festa. Queria exibi-la. Afinal, não era qualquer homem que tinha uma mulher tão linda! Não sabemos ao certo porque Vasti se recusou a comparecer. Pode ter sido um ato de rebeldia. Pode ser que estivesse cansada de tanta bebedeira e de tudo que a acompanha. O fato é que ela se recusou a ir. O rei ficou furioso! Seus homens de confiança apavorados! Se não fosse feito algo com a rainha, todas as mulheres do reino seguiriam seu exemplo, desprezando seus maridos. Rainha rebelde, rainha deposta!
O rei decretou que as mulheres mais lindas de todo o reino fossem trazidas ao palácio em Susã. Durante um ano foram preparadas para passarem uma noite com o rei. Entre elas, muito linda, estava Hadassa. Cada mulher passava uma noite com o rei. Depois ia para a casa das concubinas. Se o rei se lembrasse dela PELO NOME, então, era chamada novamente à sua presença. Mardoqueu havia dito a Hadassa que não contasse a ninguém, que era judia. Ela obedeceu. Durante um ano se preparou para aquele encontro. O rei se encantou com sua beleza e o que seria apenas uma noite com o rei, a transformou em rainha. E não era qualquer rainha. Rainha do Império Persa! Deus inclina o coração do rei para o que Ele assim desejar. E pode transformar QUALQUER situação. Mesmo quando não conseguimos enxergar. Eu quase posso ver o Autor escrevendo esse livro. Seus olhos brilhando enquanto planejava como “interferir” nos acontecimentos daqueles dias.
Hamã, descendente de Agague, era o segundo no reino. Agague era inimigo do povo de Deus. Inimigo de Deus. Um povo sem princípios, muito cruel. Por isso, Deus havia ordenado que Saul exterminasse esse povo. Ele não obedeceu. Saul possuía tudo para ser um rei maravilhoso! Lindo. Alto. Forte. O rei que todos queriam. Os homens mais altos de Israel batiam em seus ombros. Mas não sabia quem era. Essa falta de identidade acabou com ele. Agora, o segundo no reinado da Pérsia era um agagita! Inimigo de Deus e de Seu povo.
Um rei tirano. Um ajudante agagita. Uma rainha judia. Que trio!
Identidade, repito, é algo muito importante. Quando Hadassa foi se apresentar diante do rei, seu nome foi mudado. Ester, Estrela! Ia precisar não apenas proteger, mas também brilhar!
Certa ocasião Mardoqueu descobriu que havia uma conspiração contra o rei e contou a Ester. O costume da época era escrever tal atitude nos livros das crônicas do rei e recompensar imediatamente! Não se sabe o porquê, o acontecimento foi registrado, mas não houve qualquer recompensa a Mardoqueu. Olha "aquele" brilho de novo no olhar do Autor. Está conseguindo "pegar" os detalhes? Deus é um Deus de detalhes. Um Deus que se esconde nos detalhes. Amo isso! Essa procura pela descoberta dos detalhes. Sempre há um porque. Uma coisa que, muitas vezes, levamos um tempo para descobrir.
Já li a Bíblia várias vezes. Quantas vezes deparo-me com detalhes que nunca havia percebido e que de repente saltam e se jogam na minha cara. Às vezes preciso olhar em outra Bíblia para ter a certeza de que não estou tenho um delírio.
Mas, voltemos à nossa história! Hamã odiava Mardoqueu. Ele não se prostrava aos seus pés e além de tudo, era judeu! Ele odiava. Ódio mortal! Sua mente começou a maquinar uma vingança. "Vou acabar com esse cara." Mas achou isso pouco. Resolveu acabar com o povo judeu. Em Susã? Não. Em todo o Império Persa. Provavelmente passou dias e noites pensando em algo. Madrugadas tramando. Até que teve uma ideia brilhante! Marcar um dia para matar todos os judeus e entregar o espólio ao rei. Embora os judeus estivessem espalhados, longe de sua terra, eram sempre prósperos, trabalhadores, cheios de riqueza. Hamã não entendia bem o motivo. Mas era aí que ia convencer Assuero! O espólio! Riquezas! E assim foi. Despachou ordens por todo o império para, no dia determinado, matar todos os judeus, em todas as províncias. Até consigo vê-lo babando de satisfação! Um plano infalível!
Quando Mardoqueu soube, ficou arrasado. Ele, escriba do rei, deve ter sido obrigado a escrever algumas daquelas cartas. A sentença de morte. Não apenas sua. De todo o seu povo! Gosto de Mardoqueu! Quando Ester foi perguntar o que havia, porque estava triste, Mardoqueu responde que ELA precisava fazer algo. “Quem sabe não foi para isso que você se tornou rainha"? Visão! Como é importante ter olhos que enxerguem! Está tudo virado de cabeça para baixo! “Logo agora que eu achava que Ester sendo rainha as coisas iam melhorar. Logo agora que ... surge essa sentença de morte sobre a minha vida"! Mas ele consegue enxergar uma luz no fim do túnel! “Opa! Ester foi escolhida rainha. Entre tantas mulheres lindas. Entre tantos acordos políticos que poderiam ter sido feitos"! Quem sabe o Autor não tenha um plano?
Mas Ester não é chamada à presença do rei faz muitos dias e se alguém fosse à presença do rei sem ser anunciado, morria na hora! Inclusive a rainha. Antes mesmo que pudesse falar uma só palavra, sua cabeça já estaria no chão. E o pior, separada do corpo! Ester ponderou. Calculou os riscos. Convocou um jejum! Três dias! Todo o povo judeu e suas moças de confiança! Depois, o que tivesse que enfrentar, enfrentaria. “Puxa, logo agora que me tornei rainha, que estava tudo tão bem! Roupas lindas! Tão perfumadas! Especiarias maravilhosas! Banhos fantásticos! Logo agora essa sentença de morte sobre a minha cabeça. Logo agora ...”
Três dias de tortura. Três dias de busca. “Senhor o que farei se o rei não me sentenciar à morte? O que falarei"? Que admirável a sabedoria dessa mulher! Havia uma sentença de morte sobre si e todo o seu povo e ela convida o rei para um banquete! E de quebra, ainda chama Hamã. Faço uma pausa na leitura. O que ela pretende? Envenená-lo? Tudo prestes a desmoronar em sua volta e ela planejando o cardápio! “Quero os pratos preferidos do rei! As melhores louças! Suas bebidas preferidas! Quero agradar ao rei"! E ao final do jantar, o rei lhe pergunta: “O que você deseja? Qual sua petição? Até metade do reino, eu lhe entrego". “Hum, tentador, mas o que me adianta metade do reino e meu povo morto''? E ela convida o rei e Hamã para o jantar do próximo dia, dizendo que então teria a resposta pronta para dar ao rei.
Você pode imaginar um rei perguntando a uma mulher o que ela quer? Qualquer coisa que quisesse! Isso não deslumbrou Ester. Sabia quem era. Uma estrela. Precisava levar luz ao seu povo. Ela era a cerca viva! Proteção para o seu povo! A última proteção. A cerca.
Hamã saiu todo satisfeito do jantar. Quando viu Mardoqueu ficou desgostoso e cheio de ódio. Contou à sua mulher. Ela lhe disse que fizesse uma forca para nela matar Mardoqueu. A coisa estava feia para Mardoqueu. Sua sentença de morte seria cumprida antes dos outros.
Naquela noite Assuero perde o sono. Como não perder? Ofereceu a Ester até metade do reino. Ela só teria a resposta no dia seguinte. Sua cabeça girava. E com razão. Mas Deus, que é Lindo, Maravilhoso, Criativo e Grandioso estava no comando daquela situação. Agindo. Nos bastidores.
Tudo tem o seu tempo. Queremos tudo para ontem. Pelo menos eu sou assim. E esqueço que existe um processo para as coisas acontecerem. Ajustes que Deus precisa fazer. Detalhes que precisam de ações minuciosas. Cenários que precisam estar adequadamente montados. Naquela noite, a mesma noite em que é feita uma forca para Mardoqueu, Assuero manda ler as crônicas e descobre que Mardoqueu não foi recompensado. O homem que o livrou da morte não recebeu nada! Como assim? Consegue enxergar toda essa trama? E Deus completamente comprometido com ela? Hamã chega neste exato momento. O rei então lhe pede uma ideia. “O que se fará ao homem a quem o rei quer agradar"? “Bem, claro que é de mim que o rei está falando! Vou falar o que eu gostaria que me fosse feito”. Resultado: Hamã é obrigado a honrar Mardoqueu!
Quando Hamã chega em casa e conta, logo recebe a notícia que sua ruína está próxima. Foi o que sua mulher lhe disse! Vai para o banquete. Quem sabe o dia ainda se salve! E de repente ele escuta a rainha falando aquilo! Seu estômago revira. É definitivamente um homem morto! Ela era judia! Como ia saber? Tinha planejado tão minuciosamente a ruína daquele povinho de Deus! Foi morto na forca que havia feito para Mardoqueu. As armas com as quais o inimigo planeja nos destruir, serão as armas que Deus usará para que ele mesmo seja destruído
Espere, o inimigo foi derrotado! Mas a sentença de morte não podia ser revogada! A lei dos persas não pode voltar atrás. Tudo em vão! Será? Fecho o livro! O que vai acontecer?
Os planos de Deus são perfeitos. Planos de bem. Planos de paz. Planos de esperança e de um futuro melhor. Ah, como não ser completamente apaixonada por esse Deus? O rei decreta que todos os judeus podem, naquele dia, se vingar dos seus inimigos. E o que era para ser um dia de desgraça e morte, transforma-se num dia de alegria! A expectativa do inimigo foi frustrada! Nenhum judeu foi morto. A sentença do inimigo caiu por terra. O dia que deveria ser de luto foi transformado em festa! Presentes foram trocados! Havia alegria por toda a parte! Deus é soberano! Não existe plano perfeito contra o Seu povo porque Deus é a favor de cada um de nós.
E se Deus muda uma sentença sobre uma nação, Ele não é capaz de mudar sobre a vida de uma única pessoa? O que vamos escolher?
Entrar no mar ou olhar o exército de Faraó chegando e esperar passivamente a morte? O que dez espias falam sobre a terra e seus habitantes ou a fala de Josué e Calebe? Olhar a túnica suja de sangue ou as carruagens que chegaram do Egito, enviadas por José, que está vivo? Vou ler a carta de Hamã com a sentença de morte ou a de Mardoqueu que traz alegria e vida? Vou crer no que Jesus falou ou no que os homens falaram? Vou olhar para o tamanho de Golias ou para Deus? Fé ou vista?
Preciso escolher todos os dias. Todo dia. Toda hora. A cada minuto. Ainda que seja como aquele pai desesperado que clamou a Jesus: “Eu creio! Ajude-me a vencer a minha falta de fé”! - Mc 9.23, 24
Que consigamos enxergar a trama. Que tenhamos discernimento de todas as vozes: a nossa, a do inimigo, a de Deus! Que, como Neemias nos animamos e digamos: “Tenho uma grande obra a fazer. Por que iria largar tudo para ouvir ameaças de morte”?
Há um futuro a ser vivido e conquistado! Há um futuro a ser escrito, a partir das minhas e das suas escolhas! Vamos prosseguir!
Sy! Mais um post excelente! Não pare de escrever e nem de espalhar sementes! ;)
ResponderExcluirObrigada Gabi.
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