domingo, 31 de janeiro de 2016

Davi, você, eu e os processos


Alguns anos atrás, um reboliço aconteceu dentro de mim. Algumas mudanças de entendimento. De atitudes. Olhei para trás e revi escolhas, analisei minha vida, reprojetei o presente e "reescolhi" o futuro.

Aprendi que precisamos do processo para chegar ao destino. 

Sem o processo não somos profundos! É o processo que nos dá profundidade. É através dele que somos transformados. Moldados.

Deus tem um plano lindo para nossas vidas, mas as escolhas estão em nossas mãos. E precisamos dos processos para aprender a escolher. Escolher bem.

Em I Samuel 17, quando os soldados de Israel estavam reunidos contra os filisteus, Davi foi levar pão aos seus irmãos. No exato momento em que estava lá, Golias afrontou o exército de Israel. Os soldados, bravos guerreiros e Saul tremeram de medo. Saul, aquele que era mais alto que todos, do ombro para cima. Aquele que podia ter dado certo.

Davi tinha uma escolha. Podia ter virado as costas e voltado para suas ovelhas.  Não era um soldado. Era um jovem pastor. Deus não mandou que ele enfrentasse Golias. Não lhe deu uma ordem direta. Mas Davi fez uma análise. Quem ele era. Quem era aquele gigante. Quem Deus era. O que ganharia se enfrentasse. Valeria a pena se arriscar?  Golias media aproximadamente 2,90 m. Ele viu a oferta, os prós e os contras e resolveu. Enfrentou.

Deus nos dá "dicas" de Sua vontade, mas a escolha é nossa. E o que nos leva a acertarmos nessa escolha? O processo. Amo o processo! Finalmente então, entendi! Sem o processo não estaríamos capacitados para escolher. Não teríamos a maturidade necessária. O discernimento. A intimidade. A identidade.

É o processo que nos prepara para as escolhas que precisamos fazer! E o que é o processo? O que passamos em nosso dia a dia. Nossas lutas diárias, solitárias, corriqueiras. E nelas, escolhemos ser melhor do que poderíamos ser. E vamos além. Usamos nossas lutas para escolhermos a excelência. 

Davi lembrou seu processo. Sozinho enfrentou o leão, arrancou a ovelha de sua garganta. Pegou o leão pela juba. Matou. Matou o urso. Poderia ter escolhido diferente. Ninguém o condenaria. Poderia ter simplesmente matado o leão e o urso, sem salvar as ovelhas. Ou poderia ter fugido. Mas Davi olhou para o futuro que queria. 

E ali, diante daquele gigante, lembrou-se que havia sido ungido rei. “É isso mesmo! Hum, então escolho enfrentar esse gigante incircunciso”! E foi. A princípio, com a armadura de Saul. Impossível. Não era dele. Não foi feita para ele. Sua identidade era outra. Era só sua! Única. Intransferível. 

Quantas vezes temos que tomar alguma decisão e nos aconselham a fazer coisas que não combinam com a nossa identidade? Até tentamos andar com aquela armadura toda e, se insistirmos, damos com a cara no chão! Então, lembramos de tudo o que passamos e como o Senhor nos guiou até ali. Todo o processo pelo qual nos fez passar e arrancamos aquela armadura que não nos pertence. As pessoas nos olham horrorizadas com a nossa simplicidade. "Você vai lutar com um cajado, uma funda e umas pedrinhas? Enlouqueceu? Estamos no século XXI. Não se age mais assim. Você tem que fazer isso ou aquilo. Falar isso ou aquilo." Aí você levanta os olhos. Olha nos olhos do Senhor e vê nEle aprovação! “Sim. Essa é a arma que tenho. Que sei usar. Que fui adestrado”. E vai. A escolha está feita! O processo o capacitou para ela. O preparou. O moldou. O conduziu. O colocou ali, exatamente naquele lugar! Exatamente naquela hora. Naquele instante.

Quando o Senhor nos dá uma promessa e cremos, aceitamos, recebemos e tudo se volta contra nós, precisamos do processo. Sem ele, não estaríamos aptos para a conquista, para a promessa! Seríamos rasos! Guiados por sentimentos e não pelo Pai! “O que de fato quero? Onde quero chegar? O que almejo fazer? E o mais importante: quem eu sou”?

O Senhor conhece nossos corações, anseios, desejos, identidade. Amamos a correção. Amamos o processo. Então, Ele "monta" as situações como fez com Davi. Inclina nossos corações à Sua vontade, mas a cada dia e sempre, é nossa responsabilidade escolher.

Vou enfrentar o urso? O leão? O gigante? Ou virar as costas e continuar a vida sem nenhuma expectativa de mudança? Quem eu sou? Quem eu quero ser? Quem eu serei? As escolhas estão em minhas mãos. A caminhada é minha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário