Vamos ler hoje Marcos 4.33-41?
Jesus havia passado o dia ensinando aos discípulos através de várias parábolas. Mas sabemos que não é o suficiente. Precisamos também, que nos ensine através de acontecimentos. Situações. Circunstâncias. Aí é mais difícil não? Muitas vezes nos perdemos no meio do caminho e precisamos levar uma chacoalhada dEle.
O Senhor pediu aos discípulos, ao cair da tarde, para que passassem para o outro lado! Na última vez que fui a Israel, atravessamos o Mar da Galiléia ao cair da tarde. Num instante virou noite. Breu. Tudo o que víamos era a silhueta da cidade e a luz de alguns barcos. Nada das montanhas e da paisagem que me fascinou quando andamos ali durante o dia! Se hoje, pleno século XXI, estava o maior breu, que dirá nesse dia. Dois mil anos atrás.
Num instante virou noite. Jesus deitou na popa e dormiu. Temos a tendência de esquecer que Ele era homem, sujeito às mesmas coisas que você e eu. Estava cansado. Pegou um travesseiro. Dormiu.
Levantou um tremendo vendaval. O texto diz que as grandes ondas se jogavam para dentro do barco, que se enchia de água. O fato de Jesus nos mandar "subir no barco" e atravessar o mar não nos isenta de tempestades. Mesmo tendo sido Ele, as ondas se lançam para dentro do barco, querendo afundá-lo. Na verdade, é quase sempre o que acontece. E ficamos meio aturdidos. Até desnorteados.
É complicado ficar sem norte. Na escuridão. No breu. E ainda dentro da água. No meio de uma tempestade. Nesse caso, só uma coisa para nos socorrer. Seu Nome. Sua identidade. "... Aquele que tem caminhado nas trevas, sem nenhuma luz, ponha sua confiança no nome de Yahweh, tome como arrimo e total apoio, o seu Deus". - Isaías 50.10 Ah eu amo esse versículo.
Quantas vezes entrei nesse barco que Ele me chamou enxergando tudo e logo em seguida o breu caiu sobre mim e a única alternativa era confiar.
Às vezes eu pego a pontinha do travesseiro e deito ao Seu lado. Está tão escuro que mal consigo enxergar Sua face, mas escuto Sua respiração tranquila e me convenço de que se Ele está dormindo, posso dormir também e deixo "o pau quebrar". Outras vezes esqueço tudo que Ele ensinou. Tudo que vivi. E o pavor me engole. Não posso me deitar ao seu lado! Vamos perecer! É demais para mim! Não posso deixá-Lo dormindo sossegado. Então, dou um grito como os discípulos fizeram e O desperto. Às vezes gritando por socorro, às vezes dizendo na maior cara de pau: "Não te importa que pereçamos? Não está vendo que o barco vai afundar? E foi o Senhor quem nos colocou nessa situação”! Ah como Ele sempre é paciente e bondoso comigo! E age na hora certa!
Nunca O vi virar para o outro lado e continuar dormindo, alheio ao meu desespero. Ele sabe que se eu cair na água, já era! Afogamento certo! Morte certa! Então, Ele se levanta, com a maior calma, sem nenhum "chilique". E simplesmente fala ao vento e ao mar: "Aquieta-te! Silencia-te!" Fico olhando para Ele boquiaberta. Tenho certeza que vi uma covinha de riso em Seu rosto. Completa bonança! Não é que diminuiu o vendaval. Acabou! E antes até que eu tenha tempo de esboçar uma reação, Ele me repreende: "Por que a covardia? Você ainda não tem fé”?
Um filme passa pela minha cabeça. Ele é amor. O perfeito amor lança fora o medo! Da próxima vez vou me deitar. Segurar na Sua mão, só para ter certeza que Ele está comigo. Às vezes não me basta simplesmente ouvir Sua respiração tranquila e dormir ao Seu lado. No mesmo travesseiro. E o filme continua passando pela minha cabeça e olho incrédula para mim! Quantas vezes já atravessamos esse mesmo mar? De dia. De noite. Na tempestade. No sol escaldante. No frio congelante. Na calmaria. Em outros vendavais. E até tsunamis! Nós dois. Sozinhos. Eu, de olhos fechados, com medo de abrir, e olhar o tamanho das ondas. Correndo às vezes daqui para ali. Deixando o barco estável. Porque, como um dia li, às vezes Ele acalma a tempestade e às vezes o marinheiro. O fato é que hoje, Ele simplesmente ordenou e tudo se fez bonança!
E mais uma vez só o que posso fazer é prostrar-me a Seus pés. Agradecer e adorar. "Quem é esse que acalma a tempestade e o mar obedece”? Eu sei quem Ele é. Conheço o Seu nome! E como João, tenho que cantar: "Oh Rei das nações quem não temerá, quem não glorificará Teu nome”? E gentilmente, ah como Ele é gentil! E como amo Sua gentileza! Com firmeza ordena ao mar e ao vento. Me repreende com amor, mas gentilmente me aquieta, e com Sua doçura, coloca a mão sobre Seu travesseiro e me chama para descansar ao Seu lado. “Vem! Deita aqui comigo! Vamos chegar ao outro lado. Calma! Aquieta-te”!
Percebo que fala comigo as mesmas palavras ditas ao vento e ao mar. Mas comigo Seu tom é diferente. Encharcado de amor. Atendo Seu convite e deito. Mãos dadas com Ele. Deus lindo! Como não confiar? Como não amá-Lo? Como não querer agradá-Lo? Não dá para imaginar um barco afundando com Ele dentro! Descansar é a palavra chave!
Digo a mim mesma, mas olhando em Seus olhos - está escuro, mas agora O vejo: "Da próxima vez, vou confiar.” Seu olhar me diz que ainda que eu grite, Ele vai entender e me socorrer! Sabe que estou "no processo" e que preciso desesperadamente dEle. Então diz baixinho: "Sem mim, você não pode fazer nada". É Ele quem age em meu favor! Em qualquer circunstância! Sempre! Lembro que embora tenha me concedido tantas maravilhas, só preciso dEle!
Sim, Ele é tudo que eu preciso! O Amado da minha alma! E percebo que não apenas meus olhos estão fitos nos dEle. Seus olhos estão fitos em mim. Eu tenho Sua total atenção. Nada O distrai! Eu sou dEle. E Ele é meu! Estou segura! Vamos sim, chegar ao outro lado! E ali, no mesmo travesseiro que Ele, sob o olhar incrédulo dos outros barcos, adormeço sem perceber!
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