quarta-feira, 27 de julho de 2016

A maratona da vida

Amo atletismo. Entre os esportes olímpicos, existe a corrida de três mil metros com obstáculos. Essa modalidade sempre me deixa sem fôlego. Simplesmente não tenho capacidade física e mental, coordenação motora, para correr e saltar aquelas barreiras. Fico impressionada com essa precisão. Admirada. Boquiaberta.

Mas e a nossa vida? Não é também cheia de obstáculos? O apóstolo Paulo, em I Coríntios 9.25 e 26, compara-a aos jogos: “Todos os que competem nos jogos se submetem a um treinamento rigoroso, e isso, para obter uma coroa que logo se desvanece; no entanto, nós nos dedicamos para ganhar uma coroa que dura eternamente. Portanto, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem apenas soca o ar.” - I Co 9.25-26

Estou certa de que podemos comparar nossas vidas a praticamente qualquer esporte. Gostaria de comparar com uma maratona. Mas não é uma maratona como conhecemos. É uma maratona com obstáculos. Não é uma maratona com pouco mais de 42 km, como deve ser. É uma maratona com obstáculos, que começa quando da nossa concepção e deve terminar só com a nossa morte.

Logo no começo, temos que enfrentar grandes obstáculos. O primeiro é a linha de chegada ao óvulo. Ou somos os primeiros, ou não somos nada. Ninguém.

E, durante toda a vida, encontramos obstáculos dos mais variados. Externos e internos. Podemos cair, nos machucar, termos distensões e estafas. Enfrentamos chuva, tempestade, sol escaldante, sede, fome, desânimo. Muitas vezes achamos que nunca conseguiremos chegar. Outras, tombados, nos recusamos a levantar.

Mas é necessário. Não podemos ficar prostrados. Temos que seguir adiante. Em frente.

Diferentemente de nossa primeira corrida para a vida, agora não podemos chegar sozinhos. Embora a corrida seja individual, do tipo “pessoal e intransferível”, precisamos chegar com o maior número possível. Não é apenas uma maratona com obstáculos, é uma maratona em equipe e com a passagem de bastão. Quando estivermos na nossa linha de chegada, o bastão já deverá ter sido passado para as próximas gerações, que deverão correr melhor do que nós. Levando junto nossas experiências, derrotas e vitórias, e assim, vencendo mais facilmente.

Em nossa corrida, pessoal, intensa e desgastante, devemos aprender a perceber os caídos. Nessas horas, precisamos parar. Não podemos ignorar. Não corremos uns contra os outros. Corremos todos a favor. De nós. Da humanidade. Então compartilhamos nossas próprias experiências. Ajudamos. Estendemos a mão, levantamos o caído e o animamos a prosseguir. Nessa corrida, precisamos uns dos outros.

Mas também há momentos em que caímos. Cansados. E pode acontecer de ninguém ao nosso redor perceber. Estão tão concentrados em sua própria corrida, muitas vezes dando tudo de si para se equilibrar entre correr e saltar os obstáculos. Outras vezes, com tanta dor, que empreendem toda a atenção em apenas prosseguir. E nós, ficamos ali, caídos. Esperando que alguém pare e nos socorra. O que nem sempre acontece. Nessas ocasiões, precisamos nos esforçar, tomar fôlego, clamar ao Senhor, levantar e seguir em frente.

Também podemos ser parados e atrasados por obstáculos que avançam em cima de nós, como aconteceu com Vanderlei Cordeiro de Lima, na Maratona de Atenas, em 2004. Acontecimentos que nos fazem parar. Nos fazem desistir. Mas devemos nos desvencilhar e seguir em frente. A linha de chegada nos espera. Não podemos morrer no deserto, como os filhos de Israel. Temos que ir até o fim.

Talvez passemos por momentos em que nos sentiremos como a Gabriela Andersen, nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1982. E, como ela, temos que prosseguir. Mesmo nos arrastando. Até à linha de chegada. Não podemos parar no meio do caminho.

Nessa maratona da vida precisamos aprender a nos comportar a cada quilômetro. Ao longo da vida precisaremos de paradas para “abastecer”. Seja física, mental, sentimental e espiritualmente. Temos que repor nossas energias. Temos que nos exercitar. Temos que saber qual o nosso alvo. E o caminho certo a seguir. Aprender a melhor maneira de vencer cada obstáculo. E levantar os caídos. Animar os desanimados. Libertar os que se tornaram cativos ao longo do caminho. Carregar os abatidos. Tudo isso, enquanto prosseguimos. Quilômetro a quilômetro.

Para enfrentarmos e vencermos, só há uma maneira de seguir em frente, como escrito em Hebreus 12.1 e 2, "desembaracemo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos está proposta, olhando fixamente para o Autor e Consumador da fé: Jesus."

A maratona já começou. Os obstáculos estão aí. Vamos lá. A largada foi dada. Não podemos ficar para trás. Nossa conquista será eterna.






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