Qual é nossa reação, quando Deus diz não? Nos descabelamos desesperados? Fazemos beicinho? Ficamos mal-humorados? Ficamos desanimados? Nos ressentimos? Apontamos o dedo aos céus, exigindo uma explicação? Nos trancamos em nossos quartos e viramos o rosto, sem querer conversar com Ele ou com ninguém? Ficamos dias sem lhe dirigir a palavra? Fechamos nossas Bíblias? O abandonamos? Ou o adoramos?
Vamos novamente nos aventurar pelo livro de II Samuel? Tantas histórias ricas. Tantos exemplos. Tantas lições a serem aprendidas! E vamos voltar a Davi, o homem segundo o coração de Deus. Sim, Davi, o homem que soube ouvir o sim, o espere e o não de Deus.
Em II Samuel capítulo 7, a Bíblia nos conta que Davi morava em seu palácio e o Senhor lhe dera descanso de todos os seus inimigos ao redor. Tudo era paz.
Davi amava ao Senhor. Seu coração pulsava de desejo em agradá-Lo. Ele desejava, com todo seu coração de rei, poeta e adorador, construir uma casa para o Senhor, um lugar de descanso para a arca de Deus. A arca se encontrava na “Tenda de Davi”.
Quando Davi desejava ou necessitava fazer algo, consultava ao Senhor. Foi assim em tempos de guerra. E era assim, em tempos de paz. Davi abriu seu coração a Natã, o profeta. Este lhe disse para fazer o que estava em seu coração que o Senhor era com ele.
Acredito que assim que Natã saiu da presença de Davi, os preparativos começaram. Davi fervilhava de ideias. O que fazer, como fazer, onde comprar materiais, quem contratar para a grande obra, os instrumentos a serem fabricados, enfim, cada detalhe.
Mas, naquela madrugada o Senhor falou a Natã para voltar e dizer “não” a Davi. Não, a resposta do Senhor era não. “Não, você não vai construir uma casa em memória de mim. Seu filho, que reinará depois de você, esse construirá”.
O templo só seria construído após a morte de Davi, quando outro estivesse reinando e não ele. Qual foi sua atitude? I Crônicas 22.5 diz que Davi deixou tudo preparado antes de morrer. Pedras, bronze, toras de cedro, ferro, pregos, dobradiças. E em I Crônicas 22.14 Davi fala a Salomão que com muito esforço providenciou para o templo do Senhor 3500 toneladas de ouro, 35 mil toneladas de prata, bronze e ferro que não se podia calcular, além de madeira e pedra. Ele ainda ordenou a todos os líderes de Israel que ajudassem Salomão nessa grande obra. Tudo isso depois de ouvir um não. Nenhum beicinho porque a glória não seria dele em construir tão grande obra. Uma obra que ele jamais veria. Simplesmente providenciou tudo. Com muito esforço. Depois de ouvir um não. Deixou tudo pronto para seu filho, aquele que tinha o sim de Deus, quando ele teve o não.
E tem mais, algum tempo depois, como nos conta II Samuel capítulo 11, quando os reis saíam para a guerra, Davi ficou em Jerusalém. Conhecemos essa história. É muito perigoso estar em um lugar quando deveríamos estar em outro. Davi adultera. Bete-Seba engravida. Davi assassina um de seus valentes, Urias, um dos trinta.
No capítulo 12 de II Samuel, Natã o confronta. Ele se arrepende. Natã lhe informa que o Senhor o perdoou mas o filho de Bete-Seba irá morrer.
O menino adoece. Davi implora ao Senhor em favor da criança. Ele jejua, se deita no chão. E assim passam os dias. Sete dias depois a criança morre.
Seus conselheiros não sabem o que fazer. Tem medo de contar a ele. Medo de que ele cometa alguma loucura. Mas ele ouve os burburinhos e pergunta o que aconteceu. Eles contam.
Davi levanta-se do chão, toma um bom banho, perfuma-se, veste uma roupa limpa, entra no santuário do Senhor e adora. Depois, volta ao palácio, pede que lhe preparem uma refeição e come.
Seus conselheiros não conseguem entender aquela atitude. Eles acharam que com a notícia, Davi fosse ficar completamente desnorteado. Mas Davi explica. Enquanto a criança vivia, clamou ao Senhor e pediu pela Sua misericórdia, que a criança vivesse. Deus disse não. Simples assim. Não havia mais o que fazer.
Fico pasma! Esse não de Deus é um não terrível. Mas Davi levanta-se. Não vai “encher a cara” para esquecer ou suportar esse não. Não precisa de um Rivotril para dormir e não pensar naquilo por um tempo. Ou um cigarro. Ou uma enorme barra de chocolate. Não sai quebrando objetos pelo palácio. Não se tranca num quarto. Não rasga suas roupas. Não blasfema. Ele ouve a resposta do Senhor. Se levanta. Toma um banho e vai ao santuário. Adorar ao Senhor. ADORAR ao Senhor! Depois volta, se alimenta, refazendo suas forças físicas e consola Bete-Seba.
Isso é maturidade. Ele sabe quem é o Seu Deus. O Deus que está acima de quaisquer circunstâncias.
E você? E eu? Qual nossa atitude diante do não de Deus? Um não diante de um plano, um projeto, um sonho, uma necessidade, um desespero, uma pessoa?
Que aprendamos a adorá-Lo em toda e qualquer situação. Confiar e amá-Lo. Quando Ele diz sim. E quando Ele diz não.
“Alegrai-vos sempre no Senhor; e novamente vos afirmo: Alegrai-vos!” – Filipenses 4.4
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