sábado, 23 de dezembro de 2017

O Reino dos céus na contramão?

Continuamos através do capítulo vinte de Mateus.

A mãe de Tiago e João, filhos de Zebedeu, juntamente com eles se aproxima de Jesus. Eles se prostram. Estão a ponto de fazer um pedido.

Uau, diante de Jesus, tantas coisas a pedir! O que será que pedirão?

Jesus faz a pergunta que, já falamos, todos temos que responder: “O que você quer?”

Tantas coisas passam pela minha cabeça. Não tenho como responder a essa pergunta assim, a queima roupa. Não sou um cego que precisa enxergar. Assim seria fácil responder: “Quero ver!”

O que quero? Não é como se fosse o gênio da lâmpada com três pedidos apenas. É muito mais que isso! É o Senhor Jesus perguntando: “O que você quer?”

A mãe de Tiago e João, que não sabemos seu nome, responde: “Declara que no Teu Reino estes meus dois filhos se assentem um à Tua direita e outro à Tua esquerda”.

Não sei você, eu fico embasbacada. Com olhos arregalados espero ansiosa a resposta de Jesus.

Ele fala aos três que eles não sabem o que estão pedindo. E pergunta: “Vocês podem beber o cálice que eu vou beber?”

Que cálice era esse? Ainda não chegamos lá, mas quando o Senhor estava no Getsêmani, Ele orou que se possível fosse, o cálice que deveria beber fosse afastado dEle, tão terrível era (Mateus 26).

Tiago e João, filhos de Zebedeu, responderam prontamente que podiam beber daquele cálice. Se era difícil para Jesus, imagine para qualquer outro!

O Senhor Jesus continua dizendo que sim, eles certamente beberiam daquele cálice. Fico pensando: Será que os dois faziam ideia do que estava sendo falado?

E Jesus diz que assentar-se à Sua direita ou esquerda não é decisão Sua e sim, do Pai.

Penso em uma festa. As Bodas do Cordeiro. Organizada pelo Pai, para o Filho. O Pai organizando tudo, colocando cada pessoa no seu lugar apropriado.

Os outros discípulos estavam ali, esperando a resposta de Jesus. Quando a ouviram, ficaram indignados com os dois irmãos.

Jesus chamou a todos para uma importante lição. Os governantes das nações as dominam e as pessoas importantes tem poder sobre elas. Isso é o normal. O natural. Os importantes dominam. Simples assim.

Então, vem uma afirmação inesperada. Ele diz que não seria assim entre eles. Não? Então como seria? Como o Reino dos céus funciona? É diferente? Não são os importantes que dominam?

Ele continua dizendo: “Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por muitos”.

Não sei você, eu tenho que me sentar. O Reino dos céus anda na contramão da humanidade.

É isso mesmo? Se quiser ser importante, seja servo! Corro ao dicionário. Preciso fazê-lo. Tenho uma ideia do que seja servo, mas será que minha idéia está correta? O primeiro lugar que olho me choca. Diz que servo é aquele que não é livre, não tem direito ou bens; aquele que serve alguém. Encontro outra definição. Diz que o servo era um homem livre, sujeito ao seu senhor. Normalmente era colocado sobre uma terra, para cuidar e trabalhar, tendo o direito a uma porcentagem da colheita.

De qualquer maneira, Jesus disse que se alguém quiser tornar-se importante deveria ser o servo, não o senhor. Não o proprietário da terra, o poderoso, mas aquele que trabalha. Que precisa ser fiel, trabalhar com afinco, cuidar da terra, das sementes, do crescimento destas, até à colheita. Esse é o conceito de importante no Reino dos céus. Tão diferente do que costumamos pensar. Para nós, o importante é o dono da terra, não o servo que nela trabalha.

Então, é assim: se quero ser importante tenho que ser como um servo que cuida da propriedade de seu senhor.

Volto a ouvir Suas palavras. Quem quiser ser o primeiro deve ser o escravo. Foi isso mesmo? Vamos olhar novamente para nossas Bíblias. É isso que está escrito lá? Todos temos uma ideia do que é ser um escravo. Alguém que não tem liberdade. Que está submisso a outra pessoa. Não acorda a hora que deseja, nem vai dormir quando quer. Não faz o que tem vontade e sim o que lhe ordenam. Nem sequer tem o direito de expressar suas ideias, sentimentos e pensamentos.

Quem quiser ser o primeiro deve ser o escravo. Imagino que nessa hora ninguém mais queria se sentar ao Seu lado. Ninguém mais queria ser o primeiro. Ser importante estava muito bom. Ser servo já era humilhação suficiente. Ninguém quer descer à posição de escravo.

Lembro de Êxodo 21. Quando um escravo recebia liberdade, no ano do Jubileu, saía sozinho. Se tivesse constituído família, a família ficava com seu dono. Mas se amasse muito sua família e seu senhor, deveria pedir àquele senhor que furasse suas orelhas. Seria servo para sempre.

É esse tipo de escravo que Ele se refere. Ao escravo por vontade própria.

Essas palavras já são estarrecedoras o suficiente. Penso em parar por aqui. Há tanto a pensar. Tantas atitudes a rever. 

Mas Ele não terminou aí. Também não posso parar. Preciso “ouvir” até o final de Seu discurso.

Jesus diz que deveriam ser como Ele! Ele, o Senhor de todo o Universo se fez servo e escravo, para dar Sua vida em resgate de muitos. Ele se humilhou a esse ponto. Se assim o fez, como posso me negar a fazê-lo?

Como não parar para sondar o coração novamente em um exercício diário? Temos que ficar aqui.

Amanhã continuamos.

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