Vamos lá! Estamos no capítulo 15 de Lucas.
Vamos acompanhar o primeiro homem?
Naquela época e naquela cultura, o filho primogênito recebia o dobro da herança.
Estamos acompanhando o filho mais novo. Ele, audaciosamente, pediu ao pai sua parte da herança.
Acredito que o relacionamento do pai com esse filho era muito bom, para gerar no filho essa coragem de pedir que repartisse, em vida, a herança.
O pai atendeu o filho e repartiu. O texto não fala do pai questionando o filho sobre o que faria com sua parte da herança. Simplesmente repartiu e deu a parte que cabia ao filho mais novo. Era dele. Podia fazer o que desejasse. Ah, o tão famoso livre-arbítrio.
Logo que estava de posse de sua herança, esse homem, o filho mais novo, reuniu tudo o que possuía. Saiu de casa. Foi embora.
Foi a uma região distante. Onde provavelmente não era conhecido. Não era o filho mais novo. Não tinha nenhuma responsabilidade de representar uma família. Nada o prendia. Era livre. Totalmente livre, graças ao seu pai que, bondosamente, atendeu seu pedido. Ah, a liberdade.
Nesta região distante, não abriu um negócio para si. Não investiu seu dinheiro. Queria se divertir, “aproveitar a vida” como ouvimos tantas pessoas falarem.
Desperdiçou todos os seus bens, vivendo irresponsavelmente. O que importava era o hoje. Não pensava no dia de amanhã. Não se preocupava em contabilizar seus gastos. Queria prazer. Para hoje. Esqueceu que todas as decisões de hoje impactam o amanhã. O futuro, para ele, não existia.
Depois que havia gasto tudo, veio uma grande fome em toda aquela região. Começou a passar necessidade. Quando há escassez, os preços aumentam. Exorbitantemente. Não tinha mais recursos. Não tinha mais nada.
Teve que procurar um emprego. Os “amigos” que angariou em seu tempo de desperdício, de repente, sumiram. Não tinha mais ninguém.
Em tempo de escassez não há demanda de emprego. Somente procura.
Conseguiu apenas um. Foi para um campo. Cuidar de porcos. Ele era judeu. Esse emprego o deixava o tempo todo imundo. Um emprego que lhe causava asco. Era muito humilhante. Aceitou. Não havia outra alternativa.
Então, percebeu que apesar de estar “empregado”, não havia o que comer. Ninguém lhe dava nada. A comida era escassa. Sentia muita fome. Logo ele, que havia comido regaladamente.
Seu estômago roncava, dava voltas. Passou a desejar comer as vagens de alfarrobeira. Mas era a comida separada dos porcos. Não era para ele. Não o deixavam comer.
Um dia, caiu em si. Olhou para o espelho. Olhou sua imagem refletida em algum lugar e percebeu quem havia se tornado. Percebeu o que havia perdido. Lembrou quem havia sido.
Conhecia a bondade do pai. Seus empregados tinham comida de sobra. Ele estava ali, morrendo de fome.
Pensou: “Vou voltar para meu pai”. Lembrou-se de tudo que havia feito. Agindo completamente diferente do que havia aprendido. Mas havia uma chance, ele pensou, "vou falar com meu pai e pedir que me trate com um de seus empregados. Reconheço que não sou digno de ser chamado de filho. Mas estarei em casa, mesmo sem usufruir os direitos que possuía antes. Vou ser um empregado. Pelo menos não morrerei de fome. Ele há de me aceitar como um simples empregado".
Esse homem reconheceu sua situação. Reconheceu quem era, o que havia perdido e quem havia se tornado. Decidiu mudar de vida, ainda que não houvesse como voltar a ser filho. Ser um empregado de seu pai era melhor que sua vida agora. Levantou-se. Seguiu seu caminho.
Ficou muito tempo na estrada. Lembra? Ele foi para um lugar distante.
Aos poucos, a paisagem começou a mudar. Tornou-se familiar.
A cada passo que dava, ia se aproximando das terras que outrora foram suas. Da casa em que nasceu.
Seu coração batendo mais forte. Uma oração ecoava dentro de seu peito. “Meu pai terá compaixão de mim e me contratará como um de seus empregados”.
De repente, seu estômago faz reviravoltas. Ele vê um homem ao longe. Seu coração dispara. Suas pernas estão bambas. Quem será?
O homem sai do lugar onde estava. E começa a correr em sua direção. “É meu pai”, percebe. “É o jeito que ele corre.”
Não consegue dar mais um passo. Está magro. Fraco. Imundo. Fedendo. Esfomeado. Seu pai está correndo em sua direção. Seu pai!
Mesmo estando imundo e fedendo, seu pai o abraça e o beija. Seu coração está na boca. “Como pode meu pai me abraçar e beijar? Não sou digno”.
Com um pouco de dificuldade, diz a fala que havia decorado ao longo do caminho. “Pai, pequei contra o céu e perante ti, já não sou digno de ser chamado seu filho. Trata-me como um de seus empregados.”
Os servos contemplam a cena. O pai não responde. Vem andando com ele até em casa. Seu coração está saltando de prazer. Ah, o cheiro de casa. Vai poder ficar. Será um dos empregados e será muito feliz. Sabe o que desperdiçou. Sabe que não tem mais direito nenhum de filho.
Mas então seu pai fala aos servos que depressa tragam a melhor roupa para vestí-lo. Toma um banho. A água escorre. Leva embora toda a sujeira. Veste roupas lindas. Limpas. Cheirosas. Seu pai ordenou que colocassem um anel em seu dedo e uma sandália em seus pés. Não sabe o que fazer.
https://www.youtube.com/watch?v=Va8srvjwgAA&list=RDVa8srvjwgAA
Como o pai pode ser assim tão bom e amá-lo tanto? Não merece. Não merece, mas aceita aquela amor. Agora deseja ser amado e cuidado pelo pai.
E mais. O pai mandou que trouxessem um novilho. Aquele que estava sendo engordado para uma ocasião especial.
Seu pai diz a todos: “Vamos festejar. Vamos comemorar. Este meu filho estava morto. Voltou à vida. Estava perdido. Foi encontrado". E festejaram.
Está comendo novamente. E não é qualquer comida. É o novilho gordo. Parece que está em um sonho.
Não consegue entender tão grande amor. Como seu pai continua a amá-lo é uma total incógnita.
Já vimos essa história. É a história da humanidade. É a minha história. A sua história.
Foi isso que fizemos com o Pai, nosso Criador, o Todo Poderoso. E Ele, sim Ele, foi atrás de nós. Promoveu nossa salvação através da morte do Senhor Jesus na cruz do Calvário. E correu atrás de nós. Por becos e lugares nojentos. Até que reconhecemos, finalmente, quem éramos. Quem havíamos nos tornado. E quem Ele era. E voltamos para casa. https://www.youtube.com/watch?v=80SJ8XHqKqM&index=2&list=RDVa8srvjwgAA
Houve uma festa em nossa homenagem. Apesar de tudo que fizemos. Trocou nossas roupas. Restaurou nossa identidade. De filho.
Não consigo entender um amor assim. Tão grande. Incondicional. Mas aceito. E quero. Todos os dias.
Não sou um de seus empregados. Sou filha. Assim como você. Se aceitar Seu sacrifício. E Seu amor.
Jesus é o único caminho para voltarmos para o Pai. Para voltarmos para casa.
Se ainda está faminto, comendo as bolotas dos porcos, tome uma decisão. Venha para a casa do Pai. Ele irá correndo ao seu encontro. Aceite-O como Seu resgatador, Rei e Senhor.
Amanhã prosseguimos. Ainda há dois personagens nessa parábola.
Espero você.
Nenhum comentário:
Postar um comentário