Continuamos nossa caminhada através das páginas de João. Agora, capítulo 5. Do versículo 1 ao 15.
Algum tempo depois de Jesus estar na Galileia e visitar novamente Caná da Galileia, subiu a Jerusalém para uma festa dos judeus.
Temos que acompanhar essa cena.
Há em Jerusalém, próximo à porta das Ovelhas, um tanque chamado Betesda, em aramaico, tendo cinco entradas em volta.
Digo há, porque quando estive em Jerusalém, visitei suas ruínas. Foi emocionante lembrar do que aconteceu ali.
Naquele lugar, era costume ficar um grande número de pessoas doentes e inválidas: cegos, mancos e paralíticos.
Ser caracterizado como doente já é uma situação aflitiva, ser caracterizado como inválido então, é algo terrível. O que é inválido? Que não tem valor? Inútil?
Pois bem, esses doentes e incapacitados, ficavam ali, esperando o movimento das águas. Era um lugar de milagres. De vez em quando, infelizmente era só de vez em quando, descia um anjo do Senhor e agitava as águas. O primeiro que entrasse no tanque depois disso, era curado de qualquer doença que tivesse. Qualquer doença.
Um dos que ali estava era paralítico há trinta e oito anos. Trinta e oito anos!
Você consegue imaginar ficar deitado, ou arrastado, ou encostado, durante trinta e oito anos, esperando que as águas se movam e que você consiga chegar lá antes dos outros, sendo um paralítico? Só esperando, sem ter mais nada para fazer. Não existia televisão, muito menos celular. Nada para se distrair. Só esperar. Ano após ano.
Quando Jesus o vê, sabendo de sua situação, lhe fez uma pergunta: “Você quer ser curado?”
Fico exasperada! Claro que sim! Ele está ali há trinta e oito anos. Não trinta e oito dias, ou meses, ou semanas. Olho para Jesus sem entender porque fez essa pergunta, já que a resposta é tão óbvia. O homem vai responder de imediato que sim.
Mas para minha total desolação, ele responde: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim”.
Fico compadecida. Trinta e oito anos ali. Ninguém mais vai até lá para ajudá-lo. Inválido, seus amigos e sua família esqueceram-se dele. Não tem ninguém.
Mas, meu coração dá um salto, não foi essa a pergunta do Senhor. Ele perguntou se ele queria ser curado. Não perguntou seus planos e suas dificuldades.
Muitas vezes sou como esse homem. Tenho minha agenda, meus mapas, meu GPS. E traço meus planos. Como ele. Deve ter imaginado mil maneiras de chegar até às águas quando elas se agitavam. Mas sempre alguém era mais rápido. E estava tão focado em seus planos e nas dificuldades que se apresentavam, que não percebeu o que Jesus havia perguntado.
Tenho vontade de dizer para o Senhor que ele quer, sim, ser curado. Que sua dificuldade é enorme.
Mas lembro que sou apenas uma observadora da cena. E espero. Olho novamente para o Senhor. E Ele, mais uma vez me surpreende.
Ele também sabe do desejo daquele homem. E diz: “Levante-se! Pegue a sua maca e ande”.
Prendo a respiração!
Imediatamente o homem fica curado. Pega a maca, sua companheira durante trinta e oito anos, e começa a andar.
Ah, eu pulo, e grito, e levanto minha plaquinha, e choro e dou risada. Tudo ao mesmo tempo.
Como o Senhor Jesus é maravilhoso e até quando respondemos errado, Ele, que conhece nossos corações, nos entende. E nos atende.
Continuo ali, maravilhada, olhando aquele homem. Pensando em tudo o que poderá e fará agora. Curado.
De repente, os judeus dizem: “Hoje é sábado, não lhe é permitido carregar a maca”.
Fico indignada. Eles não se alegram com sua cura. Seus corações estão fechados. Tudo que interessa é a lei, ao pé da letra.
Observo a cena.
Ele responde: “O homem que me curou me disse: ‘Pegue a sua maca e ande’”.
Tenho vontade de aplaudir. Agora, por certo, se alegrarão, com ele, por sua cura.
Mas não. Eles perguntam quem é o homem que lhe mandou pegar a maca e andar.
Espere um minuto. Se esqueceram de algo. Por que só ouviram a segunda frase? Não ouviram que “esse homem” o curou? Não posso acreditar nisso.
Ah, mas quantos de nós agimos assim? Só ouvimos aquilo que queremos ouvir e não o que de fato aconteceu.
O homem olha ao redor. Eu também.
Ele não faz a mínima ideia de quem o curou.
Jesus desapareceu no meio da multidão.
Logo ele vai ao templo. Coração grato por sua cura. Jesus o encontra. E lhe diz: “Olhe, você está curado. Não volte a pecar, para que algo pior não lhe aconteça”.
Quando o homem O vê, vai até aos judeus que o haviam questionado, para lhes contar que fora Jesus que O havia curado.
E agora? O que esses judeus farão?
Amanhã prosseguimos.
Hoje, vamos adorar ao Senhor. Que conhece nosso coração, mesmo quando damos a resposta errada. Que muda nossos planos, porque os Seus são sempre melhores.
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