Às 3h estamos apostos, na porta do prédio, aguardando os carros que nos levarão ao aeroporto.
Aos poucos a chuva vai aumentando. Andamos de um lado para o outro. Alguns sentam em suas malas. Nada de nossas caronas. Não chove mais apenas, agora é uma tempestade. Oramos.
Olhamos pela porta de vidro. Mal conseguimos enxergar lá fora. Vemos a água fazendo ondas quando sai do canteiro e entra na rua. Relâmpagos e trovões.
Será que vamos perder nossos vôos?
Ninguém atende o celular. Nem respondem o whatsapp.
Coração disparado.
Depois de mais de uma hora de espera, a chuva diminui.
Ficamos entre alguém ir até o lugar onde está nossa carona ou não. Finalmente, dois resolvem ir. Na chuva.
São pouco mais de 4h30 quando os carros chegam. Não estão com os que foram atrás deles. Colocamos as malas nos porta-malas. Ainda chove. Entramos apressados nos carros.
Vamos andando devagar, até encontrar nossos amigos.
Meu nervoso já passou. Meu medo de perder o avião também. Agora, estou na fase "seja o que Deus quiser". Sei que deveria estar calma desde o princípio. Simplesmente não consegui. Não vejo a hora de chegar em Benguela. Já não sei se conseguiremos ir hoje.
O aeroporto é muito distante. O carro que vai à frente do nosso, de repente, para.
Nossa anfitriã salta correndo. Tenta abrir a porta do nosso carro. Está fechada. Ansiosa ela pergunta se nosso motorista consegue acompanhá-la. É preciso correr. Se não, perderemos os vôos. Ela está prestes a saltar por cima dele e tomar o voltante.
É uma cena engraçada. Tenho que rir, apesar de todo meu nervoso.
Ele diz que consegue. Ela volta correndo ao carro. E dispara.
As ruas estão praticamente desertas, porém alagadas. É necessário cuidado para dirigir. E perícia. Estamos em uma SUV. Não conheço esse modelo, não sei o nome. Ainda assim, ela balança.
Após uma curva, vemos um caminhão enorme (enorme mesmo), entrar em uma rua. Ele fica inteiro na estrada. É preciso frear. O carro que estamos encosta no carro da frente. Não tenho certeza se chegou a bater. Se não bateu, foi, como dizemos no Brasil, por "um beiço de mosquito". Meu coração acelera novamente. Os carros também.
Enfim, chegamos ao aeroporto. Cada grupo corre para despachar suas bagagens. Não conseguimos nem nos despedir do outro grupo. Estamos atrasados, eles, mais ainda. Correndo, nos despedimos de nossos anfitriões. Foi um tempo bom, de comunhão, em Luanda.
Passamos pelas barreiras até chegar ao nosso portão. Ufa!
Finalmente podemos respirar aliviados. Ainda não fomos chamados.
A menina que nos atendeu no despacho, é a mesma que está no portão de embarque. Perguntamos se temos um tempinho. Nossos estômagos estão "a roncar".
Rapidamente tomamos um café e comemos um pão.
Vamos para a fila. Entramos.
Fico separada de meus amigos. Sozinha. No fim do avião.
Não tenho medo mas, esse voo foi um dos piores da minha vida. O avião chacoalha como se fosse uma carroça em estrada de terra. Estamos no meio de uma tempestade.
Penso que o Senhor não permitiria que eu viesse até aqui para não fazer algo. E me aquieto. Ainda que chacoalhando no banco. Nem consigo ler.
Finalmente, vamos aterrizar. O aeroporto é ao lado do mar. Em Catumbela. Na mesma cidade onde fica a JOCUM. O mar é escuro e calmo. Não está chovendo. Ainda é cedo.
Descemos aliviados.
Gratos ao Senhor por estarmos em nosso destino pelos próximos dois meses.
Hoje é sábado. Segunda, nosso trabalho, começa.
Alguém nos espera.
Enfim, vamos à JOCUM.
Amanhã, continuo.
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