domingo, 20 de dezembro de 2015

Lutando por seus sonhos!


Quero contar a história de uma mulher. Sunamita. Colocar-me em seu lugar e contar na primeira pessoa.

Não sei ler sem imaginar toda a cena. Os detalhes. Por isso, gosto mais ainda de livros que de filmes. Paro e imagino tudo. Nos mínimos detalhes.

A Bíblia é um tesouro infindável. É lindo lermos várias vezes a mesma coisa e Deus sempre falar algo mais. Sou assim: cada vez que vejo um filme de novo, que volto a algum lugar, que leio novamente um livro percebo mais detalhes. Gosto muito disso.  Dessa descoberta.

Amo a Bíblia. E o jeito de cada história. Umas sem detalhes e outras riquíssimas nos detalhes. Bem o jeito de Deus. Às vezes Ele nos fala uma coisa e pronto. Ficamos (pelo menos eu fico) feitos doidos para conseguir entender. E como é difícil obedecer quando não entendo. Outras vezes, nos fala com tanta clareza que dá até medo! Bem, vamos à história!

Moro em Sunem. Minha casa é ótima. Não me falta nada. Tudo que desejo, meu marido providencia. Sem qualquer sacrifício. É certo que ele é bem mais velho que eu. Mas me sinto cuidada. Protegida. Tenho um segredo. Só meu. Sei que é impossível, para que comentar com quem quer que seja? Coloquei esse segredo num compartimento do meu coração e está lá. Fechado. Não penso nisso. Não quero sofrer. Tem coisas que simplesmente não podemos ter. Então, deixa para lá. Ninguém precisa saber.

Um dia um homem passou aqui em frente de casa.  Percebi que era um homem de Deus e insisti para que comesse conosco. Ele tem histórias tão lindas! Sempre que passava por aqui, vinha nos visitar e comer conosco. Será que se soubesse do meu desejo? Não. Nem quero pensar nisso.

Hoje conversei com meu marido e pedi a ele que construíssemos um quarto. Pensei em colocar cama, mesa, cadeira e lamparina. Assim ele pode se hospedar e não apenas comer uma refeição e ir embora. Meu marido e eu gostamos de sua visita! Sempre muito edificante. Renovadora.

Mas um dia, esse homem de Deus me chamou em seu quarto. Subi com o coração na boca! O que será que quer comigo? Apenas perguntou, através de seu servo Geazi, se poderia fazer alguma coisa por mim. É grato pelo que tenho feito por ele. Perguntou-me se poderia interceder por mim junto ao rei ou ao comandante do exército. Respondi que não preciso de nada. Moro em paz junto com meu povo. Que mais eu preciso? Claro que não vou falar do meu segredo. É impossível! Mas ele está me chamando de novo! Volto ao seu quarto. Fico diante da porta. E aguardo. O que será dessa vez?

Quase desmaiei quando o ouvir dizer que por volta desta época, no ano que vem, terei um filho em meus braços! O medo tomou conta de mim. Tudo que consegui dizer, na verdade implorar, foi: "Não meu senhor, não iludas a tua serva”. Tenho que tomar um ar. Preciso chorar. Será possível? Um filho em meus braços? Um filho?

Meu sonho? Tudo que eu queria? Será que posso crer? Não tem como. Impossível. Meu marido já é muito velho... E assim tenho passado meus dias. Um dia acredito. No outro raciocino e percebo que é impossível. Às vezes acho que vou enlouquecer. Minha cabeça gira. Um filho em meus braços! Meu sonho! Minha alegria! Impossível. Não posso crer nisso. Não posso me iludir. E se eu crer e não for verdade? Quais as possibilidades de acontecer? Mas e se for possível e eu não crer? Minha vida virou uma gangorra! Por que fui insistir com meu marido para fazer um quarto para esse homem? Por que ele foi dizer isso? Já estava tão conformada. Era impossível e pronto. Ninguém nem sabia o quanto meu coração desejava. Agora, se eu crer e não acontecer nada? Gangorra.

Hoje aconteceu uma coisa estranha. Algo se mexeu dentro de mim! Será verdade? Estou gravida? Acho que vou morrer de tanta felicidade! Enjoei. Fiquei tonta. Só pode ser verdade. Nem acredito. Meu filhinho lindo em meus braços! Quase não cri!

Agora olha para ele! Como é lindo! Meu filho! Que alegria vê-lo crescendo. Lembrei-me de Ana. Não deve ter sido fácil para ela. Só o via uma vez ao ano. Mas eu não! Que privilégio o meu! Vê-lo a cada dia. Amo vê-lo pela janela. Indo para o campo com o pai. Já um rapazinho. Lindo. Meu orgulho. Como meu marido ficou mais feliz! Parece até que rejuvenesceu! Sorriso sempre nos lábios.

Quem vem vindo? Parece meu filho. Mas nessa hora? Com as mãos à cabeça. Angustiada, corro. O que aconteceu? Ele chora de tanta dor. Grita. Corro. Faço o que posso. Ele não melhora. Coloco-o em meu colo. Meu menino. Meu bebê. Meu sonho.

Meio dia. Preciso organizar o almoço. Ele suspira. MEU FILHO ESTÁ MORTO! Acho que vou morrer também.

Já havia resolvido esse assunto dentro de mim. Estava conformada por não ter um filho. Doía. Mas nada se compara a essa dor. Meu filho... morto! Ah, mas isso não vai ficar assim. Alguma coisa tem que acontecer! Subo. Coloco-o no quarto do homem de Deus. Dou uma última olhada. Prometo que vou lutar por você, eu digo. Mas sei não pode me ouvir. Fecho a porta.

Não posso me desesperar! Preciso crer! Era impossível tê-lo e aconteceu. Não existe mais nada que seja impossível! Mando chamar meu marido. Não direi nada a ele. Nem a ninguém. Apenas peço uma jumenta. Vou á casa do homem de Deus. Já volto. Ele me pergunta o motivo. Não vou responder. Não posso. Como ele vai suportar essa tristeza? Saio rápido. Antes que perceba a tristeza em meu olhar. Falo de longe: "Shalom"! E saio correndo. Se chegar perto dele, desabo. Era o que eu queria. Agarrar-me ao meu marido e morrer de chorar. Mas não posso. Sou sua “ezer k’negdo”. E hoje não sou uma mulher. Sequer sou uma mãe. Sou apenas uma guerreira. E preciso correr.

Meu coração ficou naquele quarto. Agora sou apenas decisão! “Corra até o Monte Carmelo. Só pare quando eu mandar”! Grito! O servo me olha de uma maneira estranha. Nunca agi assim. Nunca perdi um filho. Tenho que tê-lo de volta!

Geazi vem correndo ao meu encontro. Pergunta se está tudo bem. Respondo que sim. Para que vou contar a ele? Quero falar com Eliseu! Jogo-me aos seus pés. Geazi tenta me erguer. Mas ouço o homem de Deus dizendo para me deixar em paz. Que meu coração está muito angustiado. E ele não sabe o motivo. Angustiado? Eu estou MORTA! Tudo que sempre sonhei está naquele quarto. Sem vida!

Então grito: “Porventura pedi um filho? Não roguei que não me enganasse”? Minha vontade era agarrá-lo. Muito pior que a dor de não ter um filho, é perdê-lo. Isso é mais que eu possa suportar. Vejo incrédula que ele manda Geazi correr com seu cajado e colocar no rosto do meu menino. Não vai adiantar! “Tão certo como vive o Senhor, não saio daqui se não for comigo! Como vou olhar nos olhos do meu marido e lhe contar? Vou perder num dia só o filho e o marido. Sou sua “ezer k’negdo” e não vou deixar isso acontecer”.

Não sabia o que era ser mãe, mas agora, NÃO VOU DESISTIR do meu filho! Ele resolve ir comigo. Geazi corre ao nosso encontro. O menino não reagiu. Prosseguimos. Eliseu entra no quarto. Espero embaixo. O tempo não passa! Não sei o que está acontecendo. Só quero meu filho de volta! Por que Deus ia me dar e me tirar desse jeito? Não posso acreditar. Deus vai ouvir Eliseu! Vai me ouvir. Meu filho!

Meu coração parece que vai explodir. Ando de um lado para o outro. Gangorra. Creio. Duvido. Duvido. Creio. Por que essa demora? Era só Eliseu dar uma palavra de comando! Vou furar o chão. Pareço uma leoa enjaulada.

O tempo escorre pelas minhas mãos. Será que não cri o suficiente? Ou o que é pior, será que não fui rápida o suficiente? Minhas pernas perdem a força. Encosto-me à parede. Fecho os olhos. Um filme passa pela minha mente. Desde o dia em que o profeta disse que iria engravidar. Choro de soluçar. Choro com cada parte do meu corpo. Cada célula em mim clama por socorro. E gemo baixinho: isso não pode terminar assim!

Geazi vem correndo. O profeta está me chamando. Entro no quarto também correndo. Sei que pareço uma louca. Que me importa? Quero minha vida de volta!

Meu filho ESTÀ VIVO! Jogo-me ao chão. Gratidão. Pego meu filho e saio. Depois fico sabendo o que aconteceu. Eliseu deitou-se sobre ele. O corpo do menino foi se aquecendo. Eliseu andou pelo quarto. Estendeu-se sobre ele novamente. Ele espirrou. Sete vezes. E abriu os olhos! Todo um processo aconteceu. Não me importa. Houve um processo. Não entendo. Acho que seria mais fácil Eliseu simplesmente falar alguma coisa! Dar uma palavra profética, e pronto. Por isso demorou tanto. Um tempo agonizante. Mas agora não importa! Tenho meu filho novamente em meus braços. Meus sonhos. Minha vida. Agora sei que o impossível não existe!

Sou essa mulher. Seu filho, meus sonhos. Não posso desistir.

Você é essa mulher. Seu filho, seus sonhos. Você não pode desistir.

Vamos continuar! Lutar! Vencer!

Não importa o sonho. A área. A necessidade. O desejo. NADA É IMPOSSÍVEL PARA DEUS. Muitas vezes não conseguimos crer. Não conseguimos enxergar o que Deus enxerga, mas não existe NADA impossível para o Senhor do Universo. Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente. O Deus que opera maravilhas! O Deus do impossível! O Deus que trabalha a nosso favor! O Especialista em milagres. Especialista em impossibilidades. Em quebrar barreiras. Cadeias. Preconceitos. E nos deixar boquiabertos. Do Seu jeito.

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