sábado, 13 de fevereiro de 2016

Abigail, enxergava como Deus


Continuando a percorrer as páginas de I Samuel. Claro que voltarei a Davi, mas hoje vou continuar com outro "personagem". Temos tanto a aprender por essas páginas tão ricas de I Samuel!

Jônatas e Davi se separam, mas não antes de Jônatas, esse homem simplesmente maravilhoso, encorajar Davi a continuar confiando na proteção do Senhor, como um amigo faz nas horas em que mais precisamos.

Davi em fuga. Se escondendo. Uma hora aqui. Outra ali. Então, de repente, surge outra história.

Não há ninguém na Bíblia com quem me identifique mais que essa mulher. Quando leio sua história, quero estar lendo a minha. Quero me confundir com ela. Agiria EXATAMENTE como ela. Se tenho vontade de esganar Mical (e tenho), gostaria de abraçá-la, parabenizá-la. Ficar horas e horas em sua companhia. Ouvindo-a, aprendendo com ela. Captando seu coração, sua sabedoria. Seu nome, "Alegria de meu pai". Minha ambição. Que o Pai se alegre comigo, como o noivo se alegra com a noiva. Que eu seja Sua alegria.

Que eu me lembre, é a única mulher que é mencionada como inteligente em toda a Bíblia. Seu marido, no entanto, chamava-se Nabal, "Tolo". Um homem muito rico. Proprietário de terras, porém tolo. Sem visão.

Davi e seus homens haviam cuidado dos tosquiadores de Nabal enquanto estavam no deserto. O testemunho deles era que os homens de Davi haviam sido "como um muro protetor ao nosso redor". Quando Nabal estava tosquiando suas ovelhas no Carmelo, Davi mandou dez homens enviando paz e pedindo algum mantimento, para alimentar seus homens.

Nabal era um homem que em algum lugar havia perdido sua visão. Descendente de Calebe, um homem que sabia enxergar. Quando Davi faz seu pedido, Nabal responde: "Quem é Davi?" E menospreza simplesmente o maior rei que Israel teve. O homem que se tornou conhecido como aquele que tem o coração segundo o coração de Deus.

Davi, irado, resolve matar todos os homens da casa de Nabal. Não iria escapar um.

Quando os tosquiadores ouviram como Nabal respondeu aos homens de Davi, correram pedindo socorro a Abigail. Conheciam aquela mulher e sua maneira de agir. Contaram-lhe o que havia acontecido. Só ela podia fazer alguma coisa naquela situação. Ninguém conseguia conversar com Nabal.

No mesmo instante, com a urgência que a situação exigia, Abigail tomou pão, vinho, carne assada, trigo, bolo. Carregou em jumentos. E seguiu atrás de seus servos, em direção a Davi. Não contou nada a Nabal. Não discutiu. Inútil falar com ele. É preciso saber quando agir. Como. E onde.

Escolhas. Poderia ter ficado quieta. E deixado que todos os homens morressem. Mas correu. Em busca de socorro e vida, para todos, sem distinção.

Davi e seus homens vinham, a toda velocidade. Quatrocentos homens. Quatrocentos guerreiros. Prontos para o massacre. Ela os encontrou. Davi havia decidido pela morte de todos os homens. Praticamente jurou.

Assim que Abigail viu Davi, prostrou-se com o rosto em terra diante dele. Como se prostra diante de um rei. Em sinal de plena reverência. Sabia a resposta à pergunta de Nabal. Sabia quem Davi era. Ele seria o rei! ERA o rei! Ela se tornou culpada diante dele, por não ter visto seus homens. Pediu que Davi a perdoasse. E disse a ele palavras que tocaram seu coração! Se quero distância de Mical, quero aprender com Abigail.

Em I Sm 25.28-31, ela fala a Davi que Yahweh firmará sua casa. O chama de seu senhor. Afirma que Davi guerreia as guerras de Yahweh e que ao longo da vida de Davi, não iria se achar mal contra ele. Que o Senhor iria guardá-lo, em meio ao Seu precioso tesouro. E ainda que o Senhor cumpriria Sua promessa de estabelecê-lo rei sobre Israel. Essa mulher, sim, sabe enxergar. Sabe falar. Que palavras! Que visão de futuro. Que revelação de quem Davi era. De como Deus agia com ele. Tinha olhos que realmente viam. Ouvidos que ouviam. Discernimento! Abigail sabia enxergar como Deus enxergava.

O que Davi podia fazer diante dela? Bendizer ao Senhor. O que mais? Reconhecer sua sabedoria. Reconhecer que o Senhor a enviara a ele. Que o Senhor promovera aquele encontro, para alterar seus planos. Receber seu presente. Atender sua súplica e a enviar para casa em paz. Foi o que fez. Sua ira foi aplacada. Sem o derramar de uma gota de sangue. Apenas palavras de benção e paz.

Quando Abigail chega em casa, encontra Nabal completamente embriagado. Havia uma festa de rei. Para um tolo. Que não tinha a menor ideia do que havia escapado. De manhã, Abigail lhe conta. O coração de Nabal fica paralisado no peito. Torna-se como uma pedra. Dez dias depois, o Senhor o fere. Ele morre.

Quando Davi soube da notícia, agradeceu ao Senhor por tê-lo livrado de fazer justiça com as próprias mãos e por ter sido vingado por Ele. E Davi envia uma comitiva para pedir Abigail em casamento.

E Abigail? Tinha como não aceitar? O Carmelo não é um lugar fácil de ser deixado. Estive lá. É lindo. Um ar fresco de se respirar. Uma vista fabulosa. Porém ela imediatamente, o texto diz "apressadamente" se preparou e foi ter com Davi.

Davi não tinha aonde "cair morto". Era um fugitivo. Um dia estava no deserto. Outro dia em alguma caverna. Sempre escondido. Sendo perseguido por Saul a cada dia. Ainda assim, teve a coragem de pedir essa mulher em casamento. Sabia quem ele era. Reconhecia a unção que estava sobre si. Enxergava seu futuro. Seu valor. Seu destino em Deus. Aqui, um dos motivos porque Davi é o meu preferido. Estava como um fugitivo, mas agia como o rei que seria. O rei que era. Só lhe faltava o trono. Suas ações, ao longo de sua história, já eram as ações de um rei. Poder de antecipação. Sabia enxergar. Talvez alguém pense, talvez você olhe para Davi e pense: "Que irresponsabilidade". Eu digo: "Que visão"!

E Abigail? Largou sua casa no lindo e maravilhoso Carmelo para ir morar com Davi, sabe se lá onde. Sempre pronta para fugir. Sabe-se lá para onde. Porque também enxergava o futuro. Hoje um fugitivo. Amanhã, o rei de Israel! Hoje um deserto, uma caverna, um esconderijo. Amanhã, o palácio.

Fé. A certeza das coisas que se esperam. Abigail olhava para Davi e o enxergava exatamente como Deus o via! Um rei. Amado pelo Senhor. Um homem com o coração segundo o coração de Deus. Quando o encontrou, o tratou como o rei que seria, lhe pediu um favor. Sabia, com certeza, que o veria no lugar que o Senhor disse que o colocaria. Que mulher!

Que possamos aprender com ela, a enxergar. A olhar da maneira que o Senhor olha. A captar a identidade. A honrar o futuro. A ter visão desse futuro. A ter poder de antecipação. A despertar nas pessoas o melhor delas. A tratar a todos não apenas pelo que são hoje, mas pelo que em Deus o são, e se tornarão amanhã. Que creiamos nas palavras dEle para nós e para os outros. Que aprendamos a abençoar. A ver o melhor em cada um. A lançar as pessoas ao seu destino. Como se lança uma flecha ao alvo!

Quero aprender a enxergar como Abigail.

2 comentários:

  1. Enxergar quem somos mesmo nas adversidades!

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    1. Que é o mais difícil. As adversidades tem o poder de nos cegar se nossos olhos não estiverem focados no Senhor.

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