Pedro, quase sempre era ele, se aproxima de Jesus e pergunta: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes”?
Quando Pedro fez essa pergunta, talvez estivesse pensando na tradição judaica. Uma pessoa era considerada tendo um espírito perdoador, se perdoasse alguém três vezes. Pedro colocou sete. Mais que o dobro. O número que representava perfeição. Deveria ser o suficiente para os altos padrões de Jesus.
Ah, todos nós paramos. Queremos ouvir a resposta de Jesus. Se Ele falar sete vezes, já estamos felizes. Alguns até começam a contar quantas vezes já perdoaram para ver se já chegaram nas sete vezes.
Então, escutamos a resposta de Jesus: “Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete”.
Faço mentalmente a conta. Setenta vezes sete é igual a quatrocentos e noventa. São vezes demais para perdoar uma única pessoa.
O que o Senhor quis dizer aqui? Vamos ficar contando, cada vez que “aquela” pessoa pecar contra nós, até chegar em quatrocentos e noventa? Claro que não. O Senhor quis dizer que devemos perdoar sempre. Ninguém vai ficar contando, “uma, duas, trezentos e oitenta e sete”. É uma perda de tempo completamente desnecessária.
Estou certa de que Pedro, assim como alguns de nós, estão boquiabertos, pensando como é difícil. Mas creia, é possível. O perdão não é um sentimento. É uma escolha. É um mandamento. No modelo de oração que o Senhor nos ensinou pedimos que sejamos perdoados, assim como perdoamos. É uma lei espiritual. Imutável. http://www.espalhandoasemente.com/2017/11/a-motivacao-certa.html
Jesus começa a contar uma parábola. Todos prestam atenção. Ficamos ali parados, ouvindo.
O Reino dos céus é semelhante a um rei que deseja prestar contas com seus servos. Quando começou o acerto foi trazido até ele um homem que devia uma quantidade enorme de prata. Como não tinha como pagar, o rei ordenou que ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que possuía fosse vendido, para pagar a dívida.
O servo desesperado, não desejava se tornar escravo, prostrou-se diante dele e lhe implorou misericórdia. Pediu que o rei tivesse paciência com ele, pois lhe pagaria tudo que devia. Como era uma quantia enorme, com certeza demoraria muito, por isso pediu paciência.
O rei teve compaixão daquele servo, cancelou a dívida e o deixou ir. O rei se compadeceu a tal ponto que cancelou a dívida. Não dividiu em suaves prestações. Cancelou a dívida.
Quando aquele homem saiu da presença do rei, encontrou um converso, que lhe devia cem denários, o equivalente a cem dias de trabalho. Muito menos do que ele devia ao rei.
Sabe o que ele fez? Agarrou aquele homem ao ponto de começar a sufocá-lo dizendo: “Pague-me o que me deve”!
Seu conservo caiu de joelhos, implorou-lhe que tivesse paciência e ele pagaria tudo. Fez o mesmo pedido que ele havia feito ao rei. A única diferença era que sua dívida era muito maior que a daquele conservo.
Mas ele não quis nem esperar, muito menos perdoar. Ordenou que o conservo fosse lançado na prisão até que pagasse a dívida. Imagino que naquela época havia serviços forçados para que credores recebessem o que lhes era devido.
Quando os outros servos, companheiros dele, viram, ficaram muito tristes e contaram ao rei o que havia acontecido.
O rei ficou indignado. Chamou aquele servo: “Servo mau, cancelei toda a sua dívida porque você me implorou. Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você”? Irado, o rei entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia.
A parábola termina aqui. Olho para a plateia de Jesus. Vejo muitos de olhos arregalados. Coração na boca.
Jesus continua: “Assim também fará meu Pai celestial a vocês se cada um de vocês não perdoar de coração a seu irmão”. Uau! Que afirmação séria!
Perdoar nem sempre é fácil. Perdoamos com facilidade um estranho ou alguém com quem não temos muita amizade, mas perdoar um irmão é diferente porque nos fere muito mais. Quanto mais próxima a pessoa, maior é a ferida aberta.
Porém perdoar, como falei, não é um sentimento. “Ah, estou sentindo que vou perdoar” ou “não estou sentindo que vou perdoar”. Perdoar é uma escolha. Aquele servo a quem o rei considerou mau, não quis perdoar. Não quis.
O Rei e Criador do Universo perdoou-nos. De uma dívida impagável. Ele cancelou nossa dívida na cruz do Senhor Jesus. Ele foi o preço dos nossos pecados.
Por mais que alguém nos deva, por mais que alguém tenha pecado contra nós, por mais que alguém nos tenha ferido não se compara com o que fizemos com Ele.
Ele nos perdoou. Dando-nos o exemplo para que perdoássemos também.
Quando não perdoamos, somos entregue aos atormentadores. Não temos paz. Estamos sempre sofrendo. Revivendo aquela situação que nos aprisiona e que é um verdadeiro tormento.
Acredite, quando perdoamos, estamos fazendo mais bem a nós mesmos que àquele a quem nós perdoamos. Nossa dor é legítima, mas precisamos olhar além dela e perdoar. Seremos livres e felizes.
Ficamos por aqui. Sondemos nossos corações. Há alguém que ainda precisamos perdoar? Façamos então, para não sermos como aquele servo mau que foi lançado na mão dos atormentadores. E ficou ali, por um longo tempo.
Amanhã prosseguimos.
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