A história de Jonas me acompanha há anos.
Sim, o Jonas da história bíblica.
Parece uma tortura, um CD riscado. Vejo Jonas em tudo.
Sempre penso que o ser humano de hoje - e isso, obviamente, me inclui - é insensível como ele. Prefere ver seus inimigos destruídos a oferecer alguma misericórdia e amor.
Meu exercício sempre é este: não ser o tal do Jonas, porque, se eu "der mole", fico parecida com ele antes do peixe pegar.
Mas hoje pensei num outro aspecto da sua história (que já caminha para um livro daqui a pouco).
Ele não deveria se abster de ter sede de justiça em função da sua missão. O objetivo da viagem à Nínive era justamente trazer justiça. Não a que ele gostaria (que na verdade era mais para vingança), mas alguma justiça. A proposta de Deus era de que Jonas anunciasse algo e não que ficasse calado.
O ponto que quero chegar é, como cristã que acho que sou: amor sim, misericórdia também, mas que isso não nos transporte para a inércia em situações de injustiça. Eu sou beligerante por natureza e sempre achei isso errado. Não acho mais. Claro que preciso rever minhas causas, sempre. Várias estão contaminadas pelo mesmo egoismo do tal profeta.
Mas nossas habilidades fazem parte de uma criação com objetivos bem específicos. Nunca devemos nos esquecer disso.
O teor da mensagem pode até mudar - de justiça destruidora (vingança) para a justiça redentora (amor). Mas o objetivo do grande Peixe - a morte da alma, a provação, a controvérsia - é ampliar o eco da nossa voz e não apagá-la.
Agora, se tudo o que você tem no coração é justiça destruidora, fica com a boca fechada. Nem o grande peixe vai te querer.
Texto escrito por Gabrielle Ruthes Seraine
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