Prosseguindo pelo capítulo 26 de Mateus.
O jantar acaba. Como era o costume, cantam um hino. E vão ao Monte das Oliveiras. Nós os acompanhamos.
Ali, Jesus lhes diz que naquela noite, todos irão abandoná-Lo. “Está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersas”.
Mais uma profecia devia se cumprir. Estava em Zacarias 13.7. No entanto, mesmo sendo abandonado, disse que depois que ressuscitasse, iria adiante deles para a Galiléia. Lá os encontraria.
Pedro, sempre Pedro, meu querido Pedro, mais que depressa responde: “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei”! Estou prestes a aplaudí-lo. Escuto o Senhor dizer com toda a segurança que, antes que o galo cantasse na alvorada, Pedro iria negá-Lo três vezes. Meu coração se entristece. Sei que é verdade.
Pedro continua afirmando que não. Que mesmo que fosse preciso morrer com o Senhor, morreria e nunca O negaria. Os outros discípulos dizem o mesmo. Observo-os um a um.
Jesus desce com Seus discípulos para um lugar chamado Getsêmani. É um jardim na parte baixa do Monte das Oliveiras. Estive ali. Repleto de oliveiras.
Getsêmani significa literalmente “prensa de azeite”.
Chegando ao Getsêmani, Jesus fala para Seus discípulos ficarem sentados enquanto Ele vai mais adiante para orar. Leva os três mais chegados. Pedro, e os dois filhos de Zebedeu, Tiago e João. Nós os acompanhamos. Queremos ver o que acontecerá.
Enquanto ora, começa a entristecer e a angustiar-Se. Nosso Senhor começa a ser prensado. Comenta com os três que Sua alma está profundamente triste. Uma tristeza mortal. Pede que vigiem com Ele. Estamos atentos. Coração pesado.
Foi mais um pouco adiante. É uma hora só dEle. De total solidão. E angústia.
Prostra-Se com o rosto em terra e ora. Pede ao Pai que se possível, afaste dEle esse terrível cálice que está prestes a beber. Mas que não fosse feita Sua vontade e sim a vontade do Pai.
Quando volta aos discípulos, encontra-os dormindo. Pergunta a Pedro: “Vocês não puderam vigiar comigo nem por uma hora?” Não ouvimos sua resposta. Engulo em seco.
Ele os alerta: “Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca”. É um alerta para nós também.
Novamente retira-se para orar. Sua angústia era a mesma. Sua oração também. Assim como Sua submissão ao Pai.
Vai até aos discípulos. Dormindo. Seus olhos estavam pesados.
Pela terceira vez retira-Se e ora. Mesma angústia. Mesma oração. Mesma submissão. Mesma entrega.
Lucas 22.44 nos relata que Seu suor se transformou em gotas de sangue, tamanha a agonia pela qual Sua alma passava. É o relato de um médico descrevendo a agonia de um homem.
Jesus foi feito homem. Viveu como um homem. Sofreu como o homem que era. E continuou puro, santo e irrepreensível. Tudo por amor a mim. A você.
Sua agonia corta meu coração. Que amor é esse? Eu não entendo. Não mereço. Nunca merecerei. Nem você. Nenhum de nós. Ninguém.
Quando volta, pergunta: “Vocês ainda dormem e descansam?” E continua: “Chegou a hora! Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos de pecadores. Levantem-se e vamos! Aí vem aquele que me trai!”
Ainda está falando quando Judas Iscariotes se aproxima. Não estava sozinho. Havia uma grande multidão armada de espadas e varas. Os enviados pelos chefes dos sacerdotes e líderes religiosos do povo. Meu coração dispara. Me apoio em seu braço. É hoje. Ele será preso. Judas está se aproximando cada vez mais.
Ao longe e à noite, todos eram parecidos. Mesmo biótipo. Mesmas roupas. Mesmos cabelos e barbas. Judas havia, por isso, combinado um sinal. Aquele a quem saudasse com um beijo, era Jesus. Deviam prendê-Lo.
Estou de queixo caído. Judas dirige-se a Jesus e O salda: “Salve, Mestre!” E O beija.
Meu estômago dá voltas. Meu coração está prestes a sair pela boca.
Jesus pergunta: “Amigo, que é que o traz?” O Senhor ainda o chama de amigo. Não deixa de ser nosso amigo, mesmo quando O traímos. Faz parte de Sua personalidade. Ele é fiel. Não muda.
Os homens que estavam com Judas aproximam-se, agarram o meu Mestre e O prendem. Minhas pernas estão bambas. Estou em prantos. Sei o que virá em seguida.
Um dos discípulos puxa a espada e fere o servo do sumo sacerdote. Decepa sua orelha. Jesus ordena que a espada seja guardada, diz que todos que empunham a espada, por ela morrerão. E pergunta: “Você acha que Eu não posso pedir a meu Pai, e Ele não colocaria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos? Como então se cumpririam as Escrituras que dizem que as coisas deveriam acontecer desta forma?”
Estou boquiaberta. Sei que é verdade. Faço rapidamente as contas. Sou assim. Tenho que fazer. Uma legião romana variava entre quatro e oito mil homens. Seriam no mínimo quarenta e oito mil anjos. Não consigo conter minhas lágrimas. Sei que se entregou por mim. E por você. Voluntariamente.
Os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos achavam que estavam prendendo ao Senhor, sendo muitos espertos, mas Ele se entregou voluntariamente. Por amor.
“Por esse motivo o Pai me ama; porque Eu entrego a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim; antes Eu a entrego de espontânea vontade. Tenho poder para entregá-la, e poder para retomá-la. Esse é o mandamento que recebi de meu Pai”. – João 10.17,18
Jesus dirige-se à multidão e pergunta se estava chefiando alguma rebelião, para que eles fossem prendê-Lo com espadas e varas. Diz que todos os dias ensinava no templo, mas não O prenderam. Para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Agora é a hora.
E, como disse que aconteceria, todos os discípulos fogem, abandonando-O. Se estivéssemos ali, faríamos o mesmo.
Ficamos parados, você e eu, perplexos diante de tal cena. Sabemos que mais coisas acontecerão.
Tenho que parar nossa caminhada. Não posso prosseguir. Prostro-me diante dEle. Preciso agradecê-Lo. Adorá-Lo. Foi preso por mim. Por amor.
Junte-se a mim. Adore-O. Como não retribuir tão grande amor?
Ele me amou primeiro. Eu O amarei para sempre. E você? https://www.youtube.com/watch?v=f5v-XbnCYMA
Que amor é esse? Eu não entendo. https://www.youtube.com/watch?v=Q-ky4bX43cM
Amanhã prosseguimos.
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