Na postagem anterior vimos a entrada de Jesus em Jerusalém. Sua indignação quando viu o templo transformado em covil de salteadores. A figueira sem frutos. O batismo de João e Sua autoridade. A parábola do pai e dois filhos e a parábola dos vinicultores maus.
http://www.espalhandoasemente.com/2019/10/mateus-211-46.html
Agora, prosseguimos nossa caminhada através do capítulo vinte e dois de Mateus.
Jesus continua contando Suas parábolas.
Ele compara o Reino dos céus com um rei que preparou um banquete de casamento para seu filho.
Naquela época um convite era enviado com antecedência. E outro quando o banquete estava pronto. Normalmente o convidado recebia, do próprio anfitrião, vestes apropriadas para a ocasião. Era uma atitude de honra vestir-se com as vestes recebidas.
Jesus conta que, quando o banquete estava pronto, o rei enviou seu servo aos que já haviam sido convidados, mas esses convidados não quiseram comparecer.
Paciente, o rei enviou novamente, outros servos que deveriam dizer aos que foram convidados que o banquete estava pronto. Os bois e novilhos gordos haviam sido abatidos. Tudo estava preparado. Quem sabe essa informação lhes deixaria com apetite? Mas não lhes deram atenção.
Quem teria coragem de recusar um convite desses? Era um rei, convidando para o banquete de seu filho e ainda assim os convidados não lhe deram atenção. Uns saíram ao seu campo. Outros para seus negócios. E outros ainda, agarraram os mensageiros, maltratando-os e matando-os.
O rei ficou, com toda razão, muito irado. Agora não enviou mais seus servos. Enviou seu exército. Destruiu aqueles assassinos e queimou suas cidades.
Depois, disse aos servos que o banquete de casamento estava pronto mas seus convidados não eram dignos. Pediu que fossem às esquinas, ou seja, às ruas, e convidassem todos que fossem encontrados.
Aqueles servos, obedientemente, saíram e reuniram todas as pessoas que puderam encontrar. Gente de toda espécie. A sala do banquete ficou cheia de convidados.
Então o rei entrou para ver os novos convidados. Percebeu que um homem não estava usando veste nupcial. Era uma grande desfeita ser convidado para um casamento e não usar as vestes nupciais oferecidas pelo anfitrião. Foi até o homem e perguntou “como” o homem havia entrado ali sem veste nupcial. O homem ficou mudo. Falar o quê diante de tal desonra?
O rei ordenou que o homem fosse lançado fora, nas trevas, onde havia choro e ranger de dentes.
Jesus terminou a parábola dizendo que muitos eram chamados, mas poucos eram escolhidos.
Aquele rei havia chamado a todos. Primeiro, os convidados que se recusaram, depois, simplesmente todos que foram encontrados. Ainda assim, era impossível ser escolhido a participar do banquete se o rei não fosse honrado. Se o convidado não estivesse com as vestes apropriadas.
Sabe o ditado que diz que “a carapuça serviu”? Pois é, a “carapuça serviu” para os fariseus. Eles sabiam qual papel desempenhavam nessa parábola. Sabiam que eram os convidados de honra que não quiseram ir ao banquete, pois não eram dignos. Saíram dali e começaram a planejar um meio de enredar Jesus em Suas próprias palavras. Como se fosse possível. Jesus, o Verbo, a Palavra que se fez carne e habitou entre nós (João 1.1), ser enredado em Si mesmo.
Sei que o Senhor continuará a ensinar. Mas vamos dar uma pequena pausa. Sente-se comigo. Vamos pensar um pouco.
Aquela parábola não foi contada apenas para os fariseus. Foi contada para todos nós. Para cada um de nós. Sabemos quem é o Rei. Sabemos quem é Seu Filho. Mas e eu? Em qual personagem me encaixo? E você?
Somos os que foram convidados com antecedência e não quisemos ir, arrumando uma desculpa esfarrapada de estarmos ocupados com o trabalho? Ou mandamos dizer que precisávamos visitar nosso campo exatamente naquele dia e horário? Ou pior, não tendo desculpas, aborrecidos, espancamos os servos do Rei, maltratando-os até à morte? Lembremos que não matamos alguém apenas fisicamente. Existe a morte pela língua. A morte sentimental. A morte nos relacionamentos.
Será que somos os convidados que foram achados às ruas e corremos para o banquete? Felizes pelo convite maravilhoso e inesperado e, com o coração grato, vestimos as vestes nupciais fornecidas pelo
Rei? Assentando-nos à Sua mesa, esperando que venha nos cumprimentar?
Ou ainda somos o que não merecia ser convidado e foi, mas com o coração cheio de justiça própria resolveu não vestir as vestes nupciais por se considerar bom o suficiente? Afinal, que injustiça o Rei não ter-nos convidado antes? Somos tão bons e perfeitos!
Que sejamos os convidados que compareceram ao banquete, com alegria e vestidos adequadamente.
Prossigamos.
Os fariseus, em seus planos de enredarem o Senhor Jesus em Suas próprias palavras, enviaram seus discípulos junto com os apoiadores de Herodes. Estes, chamando a Jesus de Mestre, disseram que sabiam que Ele era íntegro, ensinava o caminho de Deus conforme a verdade e não se deixava influenciar por ninguém, porque não se prendia à aparência dos homens.
Pergunto: Então, por que eram discípulos dos fariseus e herodianos e não de Jesus?
Pois bem. Continuaram com a farsa. E perguntaram, “inocentemente”, qual era a opinião de Jesus com relação a pagar ou não o imposto a César.
Meus olhos e ouvidos estão atentos aguardando Sua resposta. É uma pergunta também para nossos dias.
Jesus, percebendo a má intenção deles, respondeu que eram hipócritas e perguntou por que estavam colocando-O à prova. Sabia que não queriam aprender. Queriam apenas prová-Lo para terem como acusá-Lo. Ele pede uma moeda usada para pagar o imposto. Mostram-lhe um denário.
Estico meu pescoço. O que fará agora?
Então, lhes pergunta de quem é a imagem e a inscrição na moeda. Claro, minha plaquinha está levantada. Queriam Lhe pegar em Suas próprias palavras, mas agora quem pergunta é Ele. Eu queria ter outra plaquinha.
Eles, na minha opinião, “com cara de tacho”, são obrigados a responder que a imagem e a inscrição são de César.
Jesus conclui que deviam dar a César o que era de César e a Deus o que é de Deus.
Sinto muito se você me acha escandalosa, mas tenho que pular diante de tal resposta. Meu Senhor é tão maravilhosamente sábio. Meu queixo cai. Acho que fico literalmente babando.
Não apenas respondeu que Sua opinião era que o imposto, devido a César, deveria ser pago; disse também que o que é de Deus deve ser dado a Ele. A honra, a obediência, o amor, o louvor, o temor. Tudo que pertence a Deus deve ser dado a Ele.
Claro, preciso sentar um pouco. Fiquei tão empolgada com Sua resposta, mas agora a pergunta ecoa através dos meus próprios ouvidos. Tenho que olhar para dentro de mim. Novamente. É verdade, tenho declarado meu imposto corretamente, como deve ser. Dar a César o que é de César. Mas e quanto a dar a Deus o que é de Deus? Tenho feito isso? Tenho realmente dado ao Senhor tudo que Lhe é devido? E você?
Façamos uma nova pausa e sondemos nossos corações.
Façamos uma nova pausa e sondemos nossos corações.
Prossigamos.
Depois dos fariseus e herodianos, vieram os saduceus.
Depois dos fariseus e herodianos, vieram os saduceus.
Não acreditam na ressurreição. Vão a Jesus com mais uma daquelas perguntas para testá-Lo. Citam Moisés. Ele havia dito que se um homem morresse sem deixar filhos, seu irmão deveria se casar com a cunhada para dar descendência ao irmão que morrera. Disseram que havia entre eles sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu. Não teve filhos. Seu irmão casou-se com a cunhada, para cumprir a lei. O mesmo aconteceu com todos os outros irmãos. Até que finalmente a mulher morreu.
Dispararam a pergunta. Queriam saber, na ressurreição, de qual dos sete ela seria esposa, uma vez que todos foram casados com ela.
Como sempre, Sua resposta deixa-me maravilhada. Ora, se não acreditavam na ressurreição, por que a pergunta? Queriam saber qual solução Jesus daria a essa hipótese levantada.
Sua resposta vai ao fundo da verdadeira questão. Estavam enganados por não conhecerem nem as Escrituras, nem o poder de Deus. Esse era o erro deles. Embora fossem considerados estudiosos da Lei, suas crenças estavam erradas. Não conheciam verdadeiramente a Lei, as Escrituras, nem o poder de Deus. Não havia relacionamento entre eles e Deus. Não saíam da superficialidade.
O Senhor explica que na ressurreição as pessoas não se casam. E, como sempre, chega ao âmago da questão. Diz àqueles homens que não criam na ressurreição se não haviam lido que Deus é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Mais uma vez o problema dos saduceus era não conhecer as Escrituras. Embora lessem não entendiam. Seus olhos, ouvidos e mentes estavam encobertos. Seus corações não eram atingidos.
Quando a multidão ouviu, ficou admirada com Seu ensino. Como não ficar? A cada passo que damos juntos, Sua sabedoria e ensino deixam-me admiradas. Mais O amo. Mais quero aprender dEle. Mais interesso-me por Suas respostas. Completas, verdadeiras e repletas de sabedoria.
Como pode sempre ir até ao âmago da questão? Ele responde além do que perguntam porque sabe o que exatamente querem dizer e o que precisam ouvir.
Preciso parar e adorá-Lo, com o coração cheio de admiração, amor e gratidão. Esse é o Senhor que sirvo e servirei para todo o sempre. Com todo o meu ser.
Nós e a multidão continuamos admirados com Seu ensino.
Quanto aos fariseus, depois de ouvirem dizer que Ele havia deixado os saduceus sem resposta, reuniram-se. Sempre com suas tramoias. Um deles, perito da lei, resolveu colocar Jesus mais uma vez à prova, perguntando-Lhe qual era o maior mandamento da Lei.
Prontamente o Senhor respondeu que o maior mandamento é amar o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Reforçou que este é o primeiro e o maior de todos os mandamentos. Como sempre vai além, respondeu que o segundo mandamento é semelhante a este e ordena que amemos nosso próximo como amamos a nós mesmos. E vai mais além quando diz que destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.
O maior mandamento é também o primeiro mandamento. Ele nos ordena a amar ao nosso Senhor, o Eterno. Amar por inteiro, por completo. Com todo nosso coração, com toda nossa alma e com todo nosso entendimento. Tudo em nós deve amá-Lo. Um amor incondicional e ao mesmo tempo com entendimento.
Coração e alma refletem sentimentos e vontades. Entendimento reflete conhecimento, sabedoria, clareza. Não é um amor insensato. É um amor que tem motivos para ser doado. Um amor a quem é digno. Um amor sem limites. Se amarmos ao Senhor assim, estaremos sempre buscando agradá-Lo. Como uma noiva que deseja ser agradável a seu noivo. Teremos um relacionamento profundo com Ele.
Embora o mestre da lei não tenha perguntado, Jesus foi adiante e disse qual era o segundo mandamento. Afirmou que era semelhante ao primeiro. Amor sempre provoca relacionamento, envolve laços. Amar ao próximo como a si mesmo. Se amarmos nosso próximo como nos amamos, respeitaremos todas as pessoas como gostaríamos de ser respeitados. Trataremos todos como gostaríamos de ser tratados. Teremos paciência, misericórdia, consideração. O amor envolve tudo isso.
Jesus terminou Sua resposta dizendo que desses dois mandamentos dependiam toda a Lei e os profetas. Todos os mandamentos serão respeitados se amarmos ao Senhor completamente e amarmos nosso próximo como a nós mesmos. Não há necessidade de regras, de fiscais. O amor excede a isso.
Consegue perceber que os mandamentos dos quais dependem toda a Lei e os profetas não envolvem regras? Envolvem atitudes, relacionamentos, entregas. Não envolvem exigências, envolvem ação, doação. Quando amo, há entrega. Me entrego. Jesus veio ao mundo porque o Senhor nos amou. Ação. Doação.
Como tenho agido? Tenho amado ao Senhor com essa entrega? Tenho me amado? Tenho amado meu próximo? Quais têm sido minhas ações? Não posso amar se em mim não houver ação. Preciso agir mais? Mudar algumas atitudes? Fazer escolhas diferentes? Minhas atitudes manifestam o amor que há dentro de mim? Minhas ações são coerentes com meu coração?
Vamos parar. Analisar. Mudar.
Prossigamos.
Prossigamos.
Ainda ecoa em meus ouvidos e coração a resposta de Jesus quanto ao maior mandamento. Fico pensando que achamos mais fácil seguir regras e costumes a amar. Nos apegamos a “não faça isso”, “não faça aquilo”, ou “faça isso”, “faça aquilo”, sempre procurando defender nossa justiça própria. É mais fácil que amar.
Amar exige entrega, renúncia. Envolve relacionamento. Preciso me mostrar. Quando o Senhor se mostra, acabo enxergando a mim e nem sempre é agradável. Amar não é algo fácil. Exige tantas renúncias. Sua resposta ainda está clara em meu coração, revolvendo-o e sondando-o, como uma lâmpada.
Amar exige entrega, renúncia. Envolve relacionamento. Preciso me mostrar. Quando o Senhor se mostra, acabo enxergando a mim e nem sempre é agradável. Amar não é algo fácil. Exige tantas renúncias. Sua resposta ainda está clara em meu coração, revolvendo-o e sondando-o, como uma lâmpada.
Quero amar. Quero relacionamentos, ainda que seja difícil. Percebo que é uma escolha que devo fazer a cada dia. Não posso agir como um robô. Sou humana. Quantas vezes não gosto de me expor. Amar exige exposição. Quando amo o próximo, enxergo a mim mesmo também. E melhor. Assim como o outro passa a me enxergar. Como sou.
Volto novamente minha atenção para Ele. Os fariseus continuam reunidos. Calados. Escuto Sua voz.
Jesus lhes pergunta. Novamente, é Sua vez de perguntar e Ele aproveita a oportunidade, como o sábio maravilhoso que é.
Sua pergunta também é à queima-roupa. Quer saber o pensam a respeito do Cristo. De quem Ele é filho.
Claro que sabia a resposta. Diferente dos fariseus, não queria colocar ninguém à prova. Queria ensinar. Esclarecer. Revelar. Como antes fazíamos com o negativo de uma fotografia. Mostrar a verdade oculta. Sua hora estava chegando.
Os fariseus, claro, responderam que o Cristo, o Ungido esperado, era filho de Davi. Não havia dúvidas quanto a essa informação.
Jesus aprofunda a pergunta. Se era filho de Davi, como, falando pelo Espírito, O chamara de Senhor? Cita o texto do Salmo 110, onde Davi afirma que o Senhor disse ao seu Senhor que sentasse à Sua direita, até que Ele colocasse Seus inimigos debaixo de Seus pés. Se, pois, Davi O chama Senhor, Ele pergunta, como pode ser o Cristo, seu filho?
E agora? O que responder? Os fariseus não conseguiam. Ninguém conseguiu. Não tinham a revelação de que o Cristo era sim, filho de Davi, porque o Todo-Poderoso cumpriria Sua promessa a Davi, mas também era, é, o Deus Encarnado, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, como João tão lindamente explica no capítulo um de seu livro.
Jesus deixou a pergunta no ar. Para ser pensada. Ruminada. Pesquisada. Estudada.
Se queremos aprender, precisamos examinar as Escrituras, com o coração atento às verdades ali contidas.
Depois disso, ninguém mais conseguia responder-Lhe sequer uma palavra. E daquele dia em diante, não tiveram mais coragem de fazer perguntas.
Quero repetir o que escrevi esses dias. Se fazemos perguntas ao Senhor, devemos desejar Suas respostas. Ele irá responder. E Suas respostas, assim como Suas perguntas, sempre vão fazer com que, de alguma maneira, tenhamos que tomar atitudes, posições. Então, faça perguntas, se quiser aprender e mudar. Se não, prossiga quieto, à margem do caminho, como um simples expectador. Eu não quero essa posição. Você quer?
Amanhã prosseguimos. Leremos a partir do capítulo vinte e três de Mateus. Até o capítulo vinte e cinco.
Espero você. Até lá.
Espero você. Até lá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário