Leitura do dia 21/10.
Na postagem anterior vimos a parábola do semeador, a da lâmpada, a da semente que cresce, a da semente de mostarda.
Também vimos o Senhor acalmar a tempestade, dando apenas uma ordem: “Silêncio! Aquiete-se!”.
http://www.espalhandoasemente.com/2019/11/marcos-41-41.html
Agora, continuamos através do capítulo cinco de Marcos.
Quando chegaram ao outro lado do mar da Galileia, aportaram em uma cidade gentia, na região dos gerasenos (ou gadarenos).
Marcos nos conta que um homem possesso por demônios, foi ao encontro deles. Esse homem era tão violento que ninguém podia detê-lo. Mesmo se o acorrentassem, ele arrancava as algemas e despedaçava as correntes. Morava nas cavernas, usadas como túmulos. Dia e noite vagava entre os túmulos, Gritando e cortando-se com pedras. Que vida miserável!
Quando o Senhor ordenou aos demônios que estavam nele que saíssem, pediram que os mandasse para os porcos, para não precisarem sair daquele território. Jesus permitiu.
Os judeus não criavam porcos. Eram considerados alimentos impuros, mas os moradores daquele lugar, que não eram judeus, criavam normalmente.
Quando os que cuidavam dos porcos viram o que havia acontecido, saíram correndo. Foram até à cidade e contaram tudo. Inclusive que o endemoninhado fora liberto. O povo correu ao encontro de Jesus e pasmem, pediram que saísse de lá.
É triste percebermos que, muitas vezes animais e até objetos são considerados mais importantes que pessoas.
A cidade não se regozijou pela libertação daquele homem que vivia em situação tão deplorável, morando entre os túmulos. Tão violento que ninguém era tão forte quanto ele. A cidade ficou apavorada porque os porcos, possessos, se jogaram precipício abaixo.
Que lição tirar desse texto? Durante muito tempo não conseguia entender. Mas aprendi, finalmente, que pessoas são mais valiosas. Sempre. Certa vez Jesus disse que uma alma vale mais que o mundo inteiro.
Que amemos as pessoas, como vimos em textos anteriores, com mais intensidade. Com compaixão e misericórdia. Com ações. Num nível diferente, profundo. Como o Senhor amou. E ama.
Jesus entrou novamente no barco e voltou para o outro lado. Uma grande multidão reuniu-se a Seu redor.
Então, chega Jairo. Era um dos chefes da sinagoga. Um homem com excelente status na religião. Ainda assim, teve a humildade de, em meio a uma grande multidão, LANÇAR-SE aos pés de Jesus, implorando-lhe repetidas vezes, que curasse sua filhinha. Não apenas pediu, "implorou encarecidamente", tal foi a intensidade com que se humilhou. Não apenas ajoelhou-se aos pés de Jesus, lançou-se! Praticamente agarrou-se a Seus pés!
Não se importou com sua reputação. Cria que Jesus podia curar sua filha se O quisesse e era o que importava. Enquanto Jesus ia com Jairo até sua casa, para no meio do caminho, no meio de uma multidão, e pergunta: “Quem me tocou?”.
Nós dois estamos ali. Não queremos perder essa visita de Jesus à casa de Jairo. Não sei você, eu estou boquiaberta, queixo caído. “Como assim? Quem me tocou”? Uma multidão nos aperta de todos os lados e Ele para e pergunta quem O tocou? Decididamente, não estou entendendo! E eu que sou lógica pura, embora seja coração também, fico angustiada. Temos que correr, antes que seja tarde. Embora ame detalhes, não quero saber desse. Quem tocou a Jesus no meio dessa multidão não tem a menor importância. Vamos logo, antes que seja tarde! Estou angustiada. Sinto compaixão por esse pai desesperado.
Mas, Ele continua ali parado, olhando. Esperando alguém se manifestar. Minha agonia é tão grande que estou quase indo lá, eu mesma para puxá-Lo pelo braço e explicar a situação. Ele não deve ter entendido! Olho para Jairo. Está a ponto de desmaiar de tanto desespero! Transparente! Meu estômago dá voltas!
Finalmente! Uma mulher. Não é conhecida. Aproxima-se. Prostra-se a Seus pés. Conta sobre sua hemorragia. Já durava doze anos! Uau! Começo a entender porque Ele parou.
Mas enquanto escutamos, nossa atenção se volta para algumas pessoas que chegam. Ah não! O que estão falando? Meu coração quase para! Estão dizendo que sua filha morreu! Não há necessidade de incomodar mais o mestre! Não há mais esperança! Afinal, quem pode com a morte?
Está aí outro que creu contra a esperança! Aquelas pessoas ministraram desânimo e derrota. Mas estavam falando a verdade. Seguro-me em você. Acho que vou desmaiar. Já havia imaginado toda a cena: Jesus chegando e curando a menina! E a alegria voltando àquela casa! Agora isso! Tenho que usar todo meu autocontrole para não me jogar no chão aos prantos!
E agora? COMO Jesus vai se desculpar com Jairo? Não há desculpas para isso! Se tivesse andado mais rápido. Se não tivesse parado! Tudo gira ao meu redor. Se eu não estivesse segurando em seu braço teria sido pisoteada, porque estou a ponto de cair.
Vejo que Jesus não deu a mínima atenção àquelas palavras. Simplesmente olha para Jairo e fala que não tenha medo, que continue crendo. Que apenas continue crendo Estou sem fôlego! O que vai acontecer? Meu coração novamente se enche de ânimo e esperança. Volto a respirar! Aperto seu braço.
Embora Jairo soubesse que seus familiares falavam a verdade, preferiu crer nas palavras de Jesus. Creu no impossível. Sempre a escolha: Fé ou vista?
Quando da cura daquela mulher, Jairo recebeu dois tipos de ministrações. Como o povo de Israel em Números 13.1-14, quando os espias voltaram de Canaã. "Jesus ficou se importando com o simples fato de alguém tocar-Lhe enquanto minha filha está naquele estado. Sua lentidão vai fazer com que não haja mais cura! Onde já se viu? Parar por causa de uma simples mulher do povo, ao invés de ir correndo até minha filha? A filha de um dos principais da sinagoga!". A outra ministração: "Essa mulher foi curada somente por ter crido em Seu poder. Ter tocado nEle! E nem foi Ele quem a tocou! Mais uma prova de que, impondo Suas mãos, vai curar minha filha! Ele sabia o que ia acontecer! Não iria me acompanhar para simplesmente ir comigo ao enterro!”.
Essa foi a ministração que escolheu. A de vitória! A que aparentemente era a verdade, ele rejeitou. Não aceitou. Sua escolha era: "E agora? Escolho o real, o aparente, o que se vê? Que é tão terrível, tão triste, tão sem retorno, tão sem vitória? Ou escolho o impossível? O que não se vê, que é tão bom, mas tão irreal?".
Para sua felicidade e de sua família, escolheu as absurdas palavras de Jesus e continuou até sua casa. Por certo ia pensando a cada passo: "Ele vai colocar Suas mãos nela e curá-la. Ela não está morta! Ele mandou que eu cresse. Que não tivesse medo. Apenas cresse. Ele vai curá-la. Ela vai viver. Vai viver. Vai viver! Eu creio. Eu creio. Eu creio!".
Nunca aquele caminho foi tão longo. Não aguento mais andar. Alguém trocou sua casa de lugar. Nunca chega!
Ufa. Finalmente.
Mas, quando chega à sua casa tudo era contra o que Jesus havia dito. As pessoas que faziam o velório lá estavam. Jairo se agarra às palavras de Jesus. Não andou por vista, mas por fé. Naquela hora poderia ter dito: "É Jesus, não adiantou mesmo. Pode voltar. Obrigado por Sua boa vontade, mas agora não há mais solução. Tudo acabou. A fé foi em vão!”.
Não falou nada! Continuou crendo nas palavras de Jesus, ainda que tenham rido dEle, continuou crendo! E mais uma vez creu no impossível. Jesus disse que a menina apenas dormia! Ora, se fosse de fato "real", os "veladores profissionais" não estariam ali. Mas ele creu! E Jesus, mais uma vez ministrou fé ao seu coração e mais uma vez Jairo escolheu Sua ministração ao invés de crer no aparente. "Ela não está morta. Está dormindo. Só dormindo. Eu creio. Creio! Ele vai impor Suas mãos e ela será curada! Essas pessoas é que estão loucas. Não Ele! Ele diz a verdade! Ele é o Criador da Vida. O médico-mor. Ela está dormindo. Não morreu. Só dorme. Ele vai curá-la. Ela vai viver! A derrota não é real. Real é o que Ele falou. O mundo natural é que está mentindo. O espiritual é que é verdadeiro. Ela está dormindo. Não morreu!". Essa sou eu. Fico repetindo o que Deus me fala. Até crer!
Jairo entrou em sua casa com Jesus. Impossível entrar sem Ele. Até aqui não havia visto sua filhinha. O momento crucial: entrar no quarto onde a menina está. Meu coração acelera. Foi aí que Jairo viu sua filha. Pálida. Inerte. Sem cor. Sem respirar. Morta! "Ela não está morta. Ele disse que ela só dorme. Ele fala a verdade! Ele é a Verdade. Não vou olhar para a aparência. Vou olhar para Ele. Não vou "ouvir" esse silêncio mortal, mas a voz dEle!". Seus olhos focam Jesus!
Então Jairo presencia sua fé e o poder de Jesus mudarem aquela situação! Novamente viu Jesus ministrar cura. Vida. Vitória.
Jesus tomou a mão de sua filhinha e falou. Simplesmente falou com ela, e ela se levantou! Como das outras vezes em que havia falado desde que Jairo O encontrara. Falou novamente. O mesmo tipo de palavra. Cheia de certeza. De verdade. De poder. Pouquíssimas palavras, porém verdadeiras, que produziram ação!
Ele viu sua filha se levantar. Sair andando com a maior disposição. Sua palavra é digna de aceitação. Mesmo que pareça absurda. Impossível. Irreal. É a palavra dEle! Ele falando. O Logos. O Verbo Encarnado. Aquele que estava com Deus no princípio. Aquele que criou os mundos pela Sua palavra. Imutável e poderosa. Criativa. Curadora. Solucionadora. Palavra que produz ação. Palavra que não volta vazia. Que maravilha! Quando fala, o mundo espiritual move o natural e o natural move o espiritual. Na terra como no céu. Não é lenda! É real!
Fico maravilhada com a fé de Jairo. Continuou crendo no poder de Jesus para solucionar sua situação catastrófica mesmo recebendo tanta ministração contrária. No caminho. Até mesmo antes de falar com Jesus. Em frente à sua casa. Quando viu sua filha.
Mesmo assim creu. Creu até o fim. Contra todas as evidências. Como Paulo, combateu o bom combate. Até o fim. E guardou a fé. Não permitiu que ela se perdesse pelo meio do caminho, à vista das circunstâncias. Continuou acreditando em Jesus. Ministrando Sua palavra à sua mente.
Jairo honrou seu nome. Jairo, “o iluminador, o que ilumina”. Clareou a situação, mesmo sendo negra. Sua fé em Jesus fez com que sua situação se iluminasse por completo. A negra morte não conseguiu vencer. Venceu a luz! A vida! Tudo porque olhou para Jesus. Seus olhos estavam fitos nEle e não na aparência negra e sem solução da situação! Fé ou vista? Que disposição para crer!
Quando nos deparamos com situações em que sabemos que só Jesus tem poder para solucionar e depois "vemos" que não há solução, que "nem Jesus pode", quantas vezes ouvimos e acreditamos no "Não temas, crê somente?". Quantas vezes não O deixamos ali plantado, no meio do caminho, impedindo-O de ir conosco até o desfecho da situação, até à hora da solução? Não deixamos que Ele venha conosco. O abandonamos no meio do caminho e vamos correndo preparar o enterro já que agora "nem mesmo Jesus" pode solucionar ou fazer algo. Somos nós quem O abandonamos no meio do caminho e escolhemos seguir o restante sozinhos, para ver e chorar o nosso morto. Ah, quantas vezes agi dessa forma!
Mas não deve ser assim. Não pode ser assim. Para Deus, NADA é difícil. Ele sempre tem a solução. Ele é a solução. O EU SOU! Ele NUNCA chega tarde demais. Nunca age tarde demais. Sempre no momento certo. A derrota NUNCA triunfa sobre Ele!
Como é importante o lugar para onde estamos olhando. O modo como estamos olhando. Olhar para Jesus. Não para as circunstâncias. Ele tudo sabe. Tudo pode. Se nossos olhos olham apenas o aparente, o natural, que situação tenebrosa teremos! “Se a nossa luz são trevas, quão grandes trevas serão”!
Jairo ignorou o mundo natural. Recusou-se a olhar o aparente. Dirigiu seus olhos para Jesus. Seus olhos se encheram de luz e as trevas foram dissipadas!
Ah, Senhor, ensina-nos a seguir esse exemplo. Ensina-nos a prosseguir até o fim. Crendo somente na Tua palavra. Ignorando as evidências contrárias a ela. Ensina-nos quão importante é o modo como olhamos. Como enxergamos cada situação. Ensina-nos a entender que tudo depende de como vemos! Ensina-nos a olhar com os Seus olhos. Sob o Seu ponto de vista. Ensina-nos a ouvir Tua palavra, que diz: "Não temas, crê somente".
Que nossos olhos olhem direito. Para frente. Sem olhar para trás.
Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que ocorrera e, como é doce e gentil, ordenou que dessem de comer à menina.
Agora, vamos voltar ao versículo vinte e quatro e lermos sobre a mulher do fluxo de sangue? Sua fé é impressionante! Bastou "ouvir" falar de Jesus para crer em Seu poder. Não O viu falando nem fazendo nenhum milagre. Apenas ouviu. Mas a fé vem pelo ouvir. Doze anos sofrendo de hemorragia!
Foi privada do convívio com as pessoas. Não podia tocar em ninguém. Vivia á parte. À margem. Gastara tudo que possuía. Sofrera muito sob o cuidado de vários médicos. Experimentado todo tipo de tratamento. Falavam algo para ela, fazia, na expectativa da cura. Nada! E assim se passaram doze anos. Doze. Anos.
Devia ser fraca. Extremamente magra. Pálida. Raquítica. Anêmica. Quanto sofrimento! Quantas dificuldades para fazer o serviço diário. Até para andar. Provavelmente solteira. Não devia passear. Não ia ao poço. Não ia à sinagoga. Não ia a festas.
Já sofri algumas hemorragias. Enfraquece. Acaba com você. Um dia. Imagina doze anos!
Jesus era a única esperança que lhe restara. Os meios naturais já haviam se esgotado por completo. Restava agora apenas crer no que ouvira. E ela creu. Creu de tal forma que seus pensamentos foram mudados e começou a pensar, com convicção, que se tocasse nEle, somente tocasse em Suas vestes, seria curada. Seu raciocínio, seu modo de ver a situação, não foi o aparente, o natural. Foi o irreal. O impossível. O ilógico. A fé!
Já havia se tratado durante anos. Gasto todo seu dinheiro. Ido a médicos e mais médicos. Médicos de renome. De perto e de longe. Nada adiantou. Sua situação só piorava. Usou remédios caseiros. Seguiu conselhos de amigos, parentes, vizinhos. Nada! Mas quando ouviu falar de Jesus, mudou seu modo de ver a situação. Pensou: “Ele pode! Vou tocar-Lhe e ficarei curada!”. Creu em sua cura. Esqueceu sua situação miserável e foi em busca do que agora via: seu restabelecimento. Tudo é possível ao que crê! E embora não pudesse tocar em ninguém, foi atrás de seu mais ousado ato: Tocar o Mestre!
Ah, mas não seria fácil. Uma multidão O cercava de todos os lados. E ela baixinha (isso é por minha conta, imaginando-me naquela situação) e frágil. “Como alcançá-lo? Como vencer todas aquelas pessoas? Aquele monte de homem em volta dela? Aquele monte de gente alta?”. E ela foi. Se esgueirando entre a multidão. Ignorando que não podia tocar em ninguém. Ignorando sua condição. Sua fraqueza. Brigando. Empurrando. Lutava por ela. Por sua vida. Seus sonhos. Seu futuro. Sua história. De repente O viu. Aproximou-se. Em um ato profundo de fé, O tocou!
Sua fé obteve resultado. Assim que tocou Suas vestes, sua hemorragia cessou. De tal forma que ela sentiu a diferença em seu corpo. Aquele fluxo estancou. A energia foi voltando ao seu organismo. O ouvir dessa mulher foi aquele ouvir que produz ação e resultado. Teve ouvidos para ouvir! Tocou em Jesus de uma forma especial. Ele sentiu que havia saído poder curador de Si.
Muitas vezes precisamos tocar em Jesus ao invés de esperar que Ele toque em nós. Ele está ali. A nosso alcance. Basta querermos tocar. Quando O tocamos assim, não tem como ficar alheio! "Quem me tocou”?.
A mulher era nada! Mal podia abrir sua boca. Cheia de medo, prostrou-se a Seus pés. Contou-Lhe o que havia acontecido. Não podia deixar de contar que fora ela. Estava consciente da cura que recebera. Cura que mudaria toda sua vida. Precisava falar. Mesmo gaguejando. Estava livre. Ia começar a viver! Adeus ida e visitas de médicos e conversas só relacionadas à sua doença! Adeus “modo de sobrevivência!”. Ia começar a viver. Finalmente. Re-viver!
Jesus a honrou publicamente. Como não fazê-lo? Confirmou sua cura! Chamou-a de filha! O Verbo Encarnado. O Princípio de todas as coisas sabia quem ela era. Tudo o que precisava. E ainda que estivesse em uma importante missão, acompanhando o líder da sinagoga, em uma missão urgente, parou para lhe falar, lhe dar atenção.
Para Jesus, sempre somos prioridade. Para nós não existe fila. Ele está sempre disposto a nos ouvir, nos socorrer, nos auxiliar, mudar nossa história. Basta que O toquemos!
Toque-O! Não deixe para depois!
Continuamos na próxima postagem.
Espero você. Até já.
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