Leitura do dia 21/10.
Continuamos nossa caminhada através do livro de Marcos.
Nas postagens anteriores, vimos João Batista preparar o caminho para o Senhor. Vimos Seu batismo. Sua tentação. Os primeiros discípulos. Sua autoridade sobre os demônios.
Também vimos a cura de muitas pessoas. O anúncio de Sua mensagem em toda a Galileia. A cura de um leproso. A cura de um paralítico. O chamado de Levi, o publicano. A discussão sobre o jejum e o sábado. Multidões O seguem. Ele escolhe “os doze”. Chamam-No de Belzebu.
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Hoje, caminharemos a partir do capítulo quatro, até o capítulo sete. Na primeira postagem, apenas o capítulo quatro.
Gosto de pensar no meu Senhor sentado à beira-mar, ainda que o mar em questão seja o Mar da Galiléia, que na verdade é um lago.
Vamos acompanhá-Lo.
Ele está ensinando à beira-mar. Logo, uma grande multidão se junta ao redor. Não podendo perder aquela ou qualquer outra oportunidade, entra em um barco, senta-se e ensina. Ensina através de muitas parábolas. Uma delas é a do semeador.
A semeadura era feita à mão. O semeador saiu a semear. Impossível ficar sentado olhando o campo e esperar que a semente voasse até lá sozinha. O semeador precisa sair e semear. Assim como uma borboleta, uma abelha e um morcego que espalham sementes. Sementes são espalhadas quando saímos e semeamos.
Como somos movimento, devemos e estamos sempre semeando. É necessário que prestemos atenção ao tipo de semente que espalhamos. Como “a boca fala do que o coração está cheio” (Mateus 12.33b), as sementes por nós espalhadas carregam o que somos.
Então, o semeador saiu de seu conforto e semeou. Enquanto lançava a semente, uma parte dela caiu à beira do caminho. As aves comeram. Jesus explicou que essas sementes são as que “caem” no coração de pessoas que ouvem e não entendem a mensagem do Reino. O Maligno vem e arranca o que foi semeado. Por isso Jesus sempre enfatiza a ouvir e entender. A ter ouvidos “que ouvem”.
O semeador continua. Parte da semente cai em terreno pedregoso. Nesse terreno, a semente logo cresce porque a terra não é profunda. Mas, por não ser profunda não tem raiz em si mesma, permanece pouco tempo. Quando vem alguma tribulação ou perseguição por causa da Palavra, logo a abandona.
Como ter raiz em si mesmo? Quando uma árvore cresce, primeiro lança raízes, se espalha pela terra, procura fontes de águas e então, começa a crescer e brotar. Não vemos o que está acontecendo embaixo da terra. Somente o resultado final. Se queremos ter raízes profundas, inabaláveis, precisamos gastar tempo em comunhão e oração com a Palavra, o Verbo-Vivo, Jesus, e conhecer a Palavra escrita, que o Senhor nos deixou para nos alimentar. É o nosso tempo a sós com o Senhor que fará com que criemos raízes profundas.
Outra parte da semente caiu entre os espinhos. Os espinhos, e não as sementes cresceram, e as sufocaram. Os espinhos são as preocupações desta vida e o engano das riquezas, que tornam a pessoa infrutífera. Pessoas preocupadas não conseguem espalhar boas sementes. Só falam em suas preocupações, como um “disco arranhado”. E as riquezas seduzem, nos levando a pensar que são nossos objetivos. Queremos mais, mais e mais e nunca nos satisfazemos. Note que Jesus mencionou “engano das riquezas”. Elas sempre se apresentam como um engano. Não que não devamos desejar o melhor. Claro que sim. Queremos, sim, viver de forma agradável. Mas não podemos nos deixar ser enganados e seduzidos pelas riquezas. Devemos, acima de tudo, ser e não apenas ter. É o que somos que realmente importa e isso não é um chavão. É a verdade.
Por fim, uma parte da semente caiu em boa terra. Deu boa colheita. É o caso do que ouve a Palavra e a entende. Esse permanece, apesar das tribulações, perseguições, preocupações, seduções e enganos. Esse produz fruto.
Quando Jesus terminou de contar essa parábola, novamente frisou: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!”.
Os discípulos perguntam o motivo dEle ensinar ao povo por parábolas. O Senhor cita Isaías 6.9,10. Se não tivermos olhos que vejam, ouvidos que ouçam, corações que entendam, não vamos nos converter e não poderemos ser por Ele curados.
Quero lembrar que somos semeadores. É importante sabermos o que temos semeado. Nosso papel como semeadores é semear. Sairmos e semear, procurando alcançar o máximo de corações que conseguirmos.
Que tenhamos a percepção de que estamos semeando em todo o tempo. Que encontremos terra boa para a semeadura. Terra que dê boa colheita. E que, enquanto terra, nossos corações sejam de excelente qualidade.
A verdadeira semente é a Palavra. É essa a semente que estamos espalhando?
Vamos olhar para nossas mãos, coração, vida.
Em seguida, o Senhor pergunta se alguém acende uma lâmpada para depois escondê-la em um cesto ou cama. É claro que não! A lâmpada é colocada em um lugar onde sua luz pode brilhar. Assim, tudo que está escondido será revelado. Tudo que está oculto virá à luz. Um dia, não existirão mais segredos.
Também nos alerta que seremos medidos (ou julgados) com os mesmos critérios que medimos (ou julgamos). Que tenhamos cuidado. Ele não nos colocou como juízes. Qual tem sido nosso padrão? Temos sido misericordiosos ou religiosos?
Continuando, o Senhor, fala que pode comparar o reino de Deus como um lavrador que lança sementes sobre a terra. A semente cresce. Dia e noite. Mesmo se o lavrador estiver dormindo. Uma vez lançada, a semente cresce. Até o momento em que o trigo estiver maduro. Quando estiver maduro, é a hora da colheita. Ele será colhido. Que aproveitemos nosso tempo de crescimento. Para estarmos maduro no tempo certo. E sermos por Ele colhidos.
Jesus fala que o Reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda. Já viu um? É minúsculo! Parece com aqueles confeitos de bolo que são umas bolinhas. Muito pequeno.
O Reino dos céus começa assim, como um grão de mostarda que se planta na terra. Muitos nem dão valor. Pensam que não vai dar em nada. E desistem. Deixam a jornada, o ministério, o chamado, o sonho, a vida!
Mas a semente está ali, debaixo da terra, crescendo, passando por todos os processos necessários. Sozinha. Em secreto. Aprendendo tudo que precisa, sendo transformada. Mesmo quando, na nossa ânsia por crescimento, olhamos e olhamos, sem nada enxergar.
De repente, começa a aparecer. Mas ainda é tão pequenininha! Quantas vezes olhamos e pensamos que o esforço empreendido foi muito grande e parece que não vai dar em nada. Até pensamos em desistir. Achamos que erramos de semente. Que plantamos errado.
Mas ela continua crescendo e crescendo. Até transformar-se na maior das hortaliças. A mostarda palestina pode chegar até quatro metros de altura. Um grãozinho de nada!
Nunca, jamais, despreze os pequenos começos. Quanto menor, maior a possibilidade de crescimento.
Jesus falou que seus ramos se tornam tão grandes que as aves podem se abrigar à sua sombra.
Se eu fosse uma árvore, ia amar isso! Depois de tanto sofrimento. Sufocada debaixo da terra e ainda assim, tendo que crescer. Na solidão. Na escuridão. No frio. Estendendo as raízes. Procurando água. De repente, finalmente, o sol! Ar fresco! Brisa refrescante! Cuidados! Crescimento! Ramos! E lá vem um pássaro. Abriga-se sob os ramos e, em gratidão ao Criador, entoa um cântico. E vem outro. E logo a mostarda está abrigando um coral. Até escuto, bom demais! Ah, se eu fosse árvore, ia amar isso! Ia ter certeza que aquele processo todo, no oculto frio da terra, valeu a pena.
Somos árvores, que devem produzir bons frutos. Ser abrigo. Proteção. Refrigério. Crescendo, como um grão de mostarda. Como o Reino dos céus, que cresce no íntimo, no profundo e depois se expande.
Precisamos desse crescimento em secreto. Das raízes expandindo para dentro, para só depois tornar-se visível e útil.
Jesus passou o dia ensinando através de várias parábolas. Mas sabemos que não é o suficiente. Precisamos também, que nos ensine através de acontecimentos. Situações. Circunstâncias. Aí é mais difícil não? Muitas vezes nos perdemos no meio do caminho e precisamos levar uma chacoalhada dEle.
Ao cair da tarde, pediu aos discípulos que passassem para o outro lado. Na segunda vez que fui a Israel, atravessamos o Mar da Galileia ao cair da tarde. Num instante virou noite. Breu. Tudo que víamos era a silhueta da cidade e a luz de alguns barcos. Nada das montanhas e da paisagem que me fascinou quando andamos ali durante o dia. Se hoje, pleno século XXI, estava o maior breu, que dirá nesse dia. Dois mil anos atrás.
Num instante virou noite. Jesus deitou na parte de trás do barco. E dormiu.
Temos a tendência de esquecer que era homem, sujeito às mesmas coisas que você e eu. Estava cansado. Pegou um travesseiro. Dormiu.
Levantou um tremendo vendaval. O texto diz que as grandes ondas se jogavam para dentro do barco, que se enchia de água. O fato de Jesus nos mandar "subir no barco" e atravessar o mar não nos isenta de tempestades. Mesmo tendo sido Ele, as ondas se lançam para dentro do barco, querendo afundá-lo. Na verdade, é quase sempre o que acontece. E ficamos meio aturdidos. Até desnorteados.
É complicado ficar sem norte. Na escuridão. No breu. E ainda dentro da água. No meio de uma tempestade.
Nesse caso, só uma coisa para nos socorrer. Seu Nome. Sua identidade. "... Se vocês caminham na escuridão, sem um raio de luz sequer, confiem no Senhor e apoiem-se em Seu Deus" (Isaías 50.10). Ah, amo esse versículo.
Quantas vezes entrei nesse barco quando Ele me chamou, enxergando tudo e, logo em seguida, o breu caiu sobre mim e a única alternativa era confiar!
Às vezes pego a pontinha do travesseiro e deito a Seu lado. Está tão escuro que mal consigo enxergar Sua face, mas escuto Sua respiração tranquila e me convenço de que se está dormindo, posso dormir também e deixo "o pau quebrar". Outras vezes esqueço tudo que me ensinou. Tudo que vivi. O pavor me engole. Não posso me deitar a seu lado! Vamos perecer! É demais para mim! Não posso deixá-Lo dormindo sossegado. Dou um grito como os discípulos fizeram e O desperto. Às vezes gritando por socorro, às vezes dizendo na maior cara de pau: "Não te importa que pereçamos? Não está vendo que o barco vai afundar? E foi o Senhor quem nos colocou nessa situação!”. Ah como Ele sempre é paciente e bondoso comigo! E age na hora certa!
Nunca O vi virar para o outro lado e continuar dormindo, alheio ao meu desespero. Ele sabe que se eu cair na água, já era! Afogamento certo! Morte certa! Então, levanta, com a maior calma, sem nenhum "chilique". Simplesmente ordena ao vento e ao mar que se aquietem, silenciem-se. Fico olhando boquiaberta. Tenho certeza que vi uma covinha de riso em Seu rosto. Completa bonança! Não é que diminuiu o vendaval. Acabou!
Antes até que eu tenha tempo de esboçar uma reação, me repreende: "Por que a covardia? Você ainda não tem fé”?
Um filme passa pela minha cabeça. Ele é amor. O perfeito amor lança fora o medo. Da próxima vez vou deitar. Segurar em Sua mão, só para ter certeza que está comigo. Às vezes não me basta simplesmente ouvir Sua respiração tranquila e dormir a Seu lado. No mesmo travesseiro. E o filme continua passando pela minha cabeça. Olho incrédula, para mim. Quantas vezes já atravessamos esse mesmo mar? De dia. De noite. Na tempestade. No sol escaldante. No frio congelante. Na calmaria. Em outros vendavais. E até tsunamis! Nós dois. Sozinhos. Eu, de olhos fechados, com medo de abrir, e olhar o tamanho das ondas. Correndo às vezes daqui para ali. Deixando o barco estável. Porque, como um dia li, às vezes Ele acalma a tempestade e às vezes o marinheiro. O fato é que hoje, simplesmente ordenou e tudo se fez bonança!
Mais uma vez só o que posso fazer é prostrar-me a Seus pés. Agradecer e adorar. "Quem é esse que acalma a tempestade e o mar obedece”? Eu sei quem é. Conheço Seu nome! E como João, tenho que cantar: "Oh Rei das nações quem não temerá, quem não glorificará Teu nome?”.
Gentilmente, ah como Ele é gentil! E como amo Sua gentileza! Com firmeza ordena ao mar e ao vento. Repreende com amor e gentilmente me aquieta. Com Sua doçura, coloca a mão sobre Seu travesseiro e me chama para descansar a Seu lado. “Vem! Deita aqui comigo! Vamos chegar ao outro lado. Calma! Aquieta-te”!
Percebo que fala comigo as mesmas palavras ditas ao vento e ao mar. Mas comigo Seu tom é diferente. Encharcado de amor. Atendo Seu convite e deito. Mãos dadas com Ele. Deus lindo! Como não confiar? Como não amá-Lo? Como não querer agradá-Lo? Não dá para imaginar um barco afundando com Ele dentro! Descansar é a palavra chave!
Digo a mim mesma, olhando em Seus olhos - está escuro, mas agora O vejo: "Da próxima vez, vou confiar.” Seu olhar me diz que ainda que eu grite, Ele vai entender e me socorrer! Sabe que estou "no processo", que preciso desesperadamente dEle. Então diz baixinho: "Sem mim, você não pode fazer nada". É Ele quem age em meu favor! Em qualquer circunstância! Sempre! Lembro que embora tenha me concedido tantas maravilhas, só preciso dEle!
Sim, Ele é tudo que preciso! O Amado da minha alma! Percebo que não apenas meus olhos estão fitos nos dEle. Seus olhos estão fitos em mim. Tenho Sua total atenção. Nada O distrai! Sou dEle. Ele é meu! Estou segura! Vamos sim, chegar ao outro lado! E ali, no mesmo travesseiro que Ele, sob o olhar incrédulo dos outros barcos, adormeço sem perceber!
Quanto aos discípulos, ainda não entenderam quem Ele é. Estão espantados. Querem saber quem é esse homem que tem a total obediência do mar e dos ventos. Logo entenderão.
Continuamos na próxima postagem.
Espero você. Até já.
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