Percorrendo as páginas de II Samuel.
Saul morre. Aquele que podia ter dado certo, cujo
nome significa “o desejado, o solicitado, o conseguido por meio de orações”.
Davi, “o amado, o predileto”, se torna, de fato,
rei. Vamos caminhar um pouco em sua história? Afinal, estamos em II
Samuel.
O que faz dele o meu preferido são os detalhes, que
me capturam. No meu caso sempre será assim. Não os grandes feitos, os detalhes!
Não o que todos veem, mas o que consigo enxergar nas entrelinhas.
Claro que acho maravilhoso Davi enfrentar Golias.
Mas o que me cativa é vê-lo cuidando das ovelhas. Sozinho. Compondo canções em adoração ao Senhor. Sendo
ungido rei e continuar cuidando das ovelhas, sem ter nenhum plano mirabolante
para assumir imediatamente o trono.
É ele, com toda humildade, tocar sua harpa para
trazer alivio e bem estar a Saul. É acordar de madrugada, se preocupar em
deixar o rebanho com outro pastor e obedecer seu pai, levando alimento aos
irmãos, que claramente tem algo contra contra ele.
Essa disposição, essa obediência, essa humildade é
que chamam minha atenção!
Fico fascinada ao vê-lo perseguir o leão que
arrebatou sua ovelha e arrancá-la de sua garganta. Arrancar a ovelha da
garganta de um leão. Que homem é esse? Simplesmente poderia explicar ao pai que
o leão veio e arrebatou a ovelha. Não havia o que fazer. Era o risco do
negócio. Seu pai entenderia. Era apenas um rapaz. Um pastor, não um soldado.
Davi podia não ser um soldado, ainda assim, era
um guerreiro! E não permitia, mesmo correndo risco de morte, ainda que ninguém
visse, ainda que tivesse a desculpa perfeita para não fazer, que sua ovelha
fosse arrancada dele. Perseguiu o leão, arrancou a ovelha de sua garganta,
agarrou pela juba, feriu e matou. Golias para mim é “fichinha” diante
disso.
O que realmente importa é o que acontece quando
ninguém vê. São nossas vitórias secretas que nos transformam completamente! Sem
matar o leão, Davi jamais enfrentaria Golias. Para mim, o que importa de fato,
é o leão. É o urso. É o secreto.
Considero fantástico Davi se indignar com o
exército do Deus vivo sendo afrontado. Não era assunto dele. Foi ali obedecendo
uma ordem de seu pai. Deixasse as coisas acontecerem. Quem sabe Saul morria e
ele se tornava logo o rei?
Maravilhoso é ir até Golias com suas próprias
armas, seu conhecimento, sua identidade. Analisando a situação. Pensando em
onde acertar, com apenas cinco pedras. Sendo certeiro. Não querendo usar as
armas de outro. Não querendo ser o outro. Sendo ele mesmo.
Temos que ser nós mesmos. Deus nos fez únicos!
Capacitou-nos individualmente.
Lindo Davi dizer ao terrível gigante que o estava
enfrentando com a "personalidade" de Yahweh, o Senhor dos Exércitos.
O que isso mostra? Sabia quem era Yahweh. Conhecia ao Senhor pelo nome. E isso
aconteceu no secreto. Onde a história não conta. Nas madrugadas. Na adoração.
Na solidão.
Cativa-me ele aceitar a amizade de Jônatas. Aceitar
o que Jônatas tinha de melhor. Se tornar um soldado da noite para o dia.
Aceitar todas as missões que Saul lhe dava. Tornar-se o comandante de seu
exército. Ele, que era o rei ungido. Sem nunca pensar em usurpar o trono. Esse
sim, sabia esperar! Não eu, que volta e meia tenho que me arrepender, quando
deixo a ansiedade me vencer. E começar tudo de novo.
Fico surpresa quando, mesmo sendo o comandante do
exército, continua tocando para acalmar Saul. E se desvia de sua lança, quando
Saul tenta matá-lo, sem arremessá-la de volta. Seria legítima defesa! Mas não
para Davi. Ele se desvia. Continua sua vida. Vivendo os processos. Sendo
moldado, preparado. Esperando o tempo de Deus.
Fico maravilhada ao vê-lo agindo com prudência onde
quer que vá. Alcançando pleno êxito. Não apenas por ser um bom soldado, mas
porque o Senhor é com ele! Sua fama crescendo em toda região. Sendo amado por
todos em Israel e Judá porque sabia conduzir seu exército nas batalhas. E o
trazia de volta! Não perdia seus soldados, assim como não perdia suas ovelhas. Resultado dos processos.
Amo como se relaciona com Deus. Como fala tudo ao Senhor, sem filtros, completamente nu diante dEle, como sempre devemos estar. Quando está feliz, quando está triste. Desesperado. Sem entender nada. Não precisa e não é "politicamente correto", nem "moralmente" correto. Nem "espiritualmente" correto. É ele. Transparente. Nu. Sem máscaras. Vulnerável. Sabe que pode questionar. Que pode gritar e chorar. Que pode falar de seu desespero, seu desejo de fugir e se esconder, mesmo quando tem que ficar e enfrentar. E fica. E enfrenta.
Amo como se relaciona com Deus. Como fala tudo ao Senhor, sem filtros, completamente nu diante dEle, como sempre devemos estar. Quando está feliz, quando está triste. Desesperado. Sem entender nada. Não precisa e não é "politicamente correto", nem "moralmente" correto. Nem "espiritualmente" correto. É ele. Transparente. Nu. Sem máscaras. Vulnerável. Sabe que pode questionar. Que pode gritar e chorar. Que pode falar de seu desespero, seu desejo de fugir e se esconder, mesmo quando tem que ficar e enfrentar. E fica. E enfrenta.
E não é covardia. Porque se tem uma coisa que
podemos falar, é de sua coragem. É o ser homem, e não se fingir de super homem.
Um homem verdadeiro. Que fala de sua perplexidade diante do ímpio que prospera.
Que manda sua alma descansar em Deus. Como faço constantemente com a minha.
Pode não entender, mas confia mesmo assim. Sabe quem Deus é. Sabe quem ele é.
Amado!
Seu andar íntimo com Yahweh o fez enxergar o
Messias, antes que viesse ao mundo. Sua integridade o fez saber que o Senhor é
o seu Pastor. E como cuida de suas ovelhas e de seus soldados, o Senhor cuida
dele. Como leva suas ovelhas aos melhores pastos, o Senhor o leva aos melhores
lugares. Como guia suas ovelhas às águas tranquilas, o Senhor o leva ao
refrigério. Como cuida das ovelhas com a vara e o cajado, impedindo-as de
caírem precipício abaixo, o Senhor o conduz mesmo no vale da sombra da
morte. Em segurança. Um pastor que dá sua vida pelas ovelhas. Como Seu
Senhor.
Fico profundamente emocionada quando deseja beber
da água da fonte que estava em Belém. Seus três amigos invadem o acampamento
filisteu. Tomam a água do poço e a levam a Davi. Que amigos verdadeiros! Ele a
derrama no chão, como oferta ao Senhor, honrando aqueles três valentes. Era
demais para ele! Lindo demais para mim! Muito mais que "a boa
aparência" que a Bíblia fala que possuía.
E quando foge de Saul ao invés de tentar um golpe
de estado. E quando procura um lugar seguro para seus pais, enquanto está
apenas um fugitivo, embora rei ungido.
E quando atende à intercessão de Abigail,
mesmo já tendo decidido diante de Deus que mataria todos os homens da casa de
Nabal. Decidido diante de Deus, e muda de ideia. E quando decide pedir sua mão,
mesmo sendo um fugitivo. Sabia que é melhor um fugitivo de Deus que um
fazendeiro tolo. E quando manda mensageiros pedirem sua mão, para dar a ela a
liberdade de escolha, sem intimidá-la com sua presença, sabendo que ela o via
como rei.
Quando chora a morte de Jônatas e até de Saul. A morte de Abner, chefe do exército de Israel. Quando procura alguém da casa de Jônatas para cumprir a promessa feita ao amigo de cuidar de seus descendentes. E cumpre.
Fascina-me quando se alegra com todas as suas forças diante do Senhor. Adoração sem limites. Entrega total. "Eu nada sou. Ele é tudo." Posso ser o rei, mas Ele é meu Soberano!
Quando se arrepende depois de contar o exército. Quando diz que não irá oferecer ao Senhor algo que não lhe custe nada. E compra a terra onde vai oferecer o sacrifício.
E quando é confrontado por Natã por seus erros e não fica procurando desculpas.
Arrepende-se. E clama. E chora. Quer Deus em sua vida novamente. E sabe que o
Senhor pode perdoar, ainda que seus pecados sejam terríveis.
Quando sai de Jerusalém, em uma das cenas que considero das mais tristes, fugindo de seu filho Absalão. E intercede por Absalão, para que ninguém o mate. Apesar da traição. Do golpe de estado. Da humilhação imposta.
Quando deseja construir uma casa para o Senhor. E orienta Salomão, nos mínimos detalhes. Deixando tudo separado e preparado para a construção.
De fato, um homem segundo o coração de Deus.
E ainda assim não era perfeito. Ainda assim errou. E teve que se arrepender. E voltar. Mas se arrependeu. E voltou. E continuou sua caminhada.
Por isso podemos aprender muito com ele. O que fazer e o que não fazer. Um homem que agradou tanto ao coração do Pai que recebeu a promessa de um Descendente no trono por toda a eternidade!
Detalhes. Que fazem de Davi quem ele era. Que nos inspiram. Que nos ensinam.
Detalhes. Que fazem nossas vidas.
Que
possamos aprender em secreto, em comunhão com o Pai, a cada dia, como deve ser
nossa caminhada. E agradá-Lo em nossos passos, caminhando, até ser dia
perfeito.
Saul morre. Aquele que podia ter dado certo, cujo nome significa “o desejado, o solicitado, o conseguido por meio de orações”.
ResponderExcluirObrigada por lembrar-me que após essa morte, a morte do que foi gerado em oraçao e visto como resposta de oraçao, vem DAVI. O que é segundo o coraçao de Deus.
Bj Sy..
Nilda, Deus é bom em todo o tempo! E lindo, e maravilhoso.
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