Continuamos percorrendo
as páginas de II Samuel. E lendo um pouco mais da vida de Davi.
Vamos, hoje, focar no
que não devemos fazer. Em suas escolhas erradas, desastrosas e terríveis.
Apesar de tudo que fez ou não fez quando deveria ter feito, imito o Pai e
recordo-me de seu exemplo positivo. Continuo dando a ele o lugar de meu
preferido. Homem, que erra e se arrepende.
Saul havia prometido sua
filha mais velha àquele que vencesse o gigante Golias. Davi afirma ao rei que não
era digno. Saul então, não a entrega a Davi. Simples assim. Quanto perdemos por
esquecer quem somos em Deus! Ele estava certo quando disse que não era pouca
coisa ser genro do rei. Mas errado quando esqueceu que era o rei ungido. Era
uma grande coisa Merade, filha de Saul, ser sua esposa, o futuro rei de Israel.
Enfim, saiu perdendo. Assim como perdemos todas as vezes que dizemos
"Não posso, não tenho, não sou", quando Deus diz: "Você pode.
Você tem. Você é".
Mical, a outra filha de Saul, entra em
cena. Dizendo-se apaixonada. Paixão. É bem diferente de amor. Com toda certeza,
não vale a pena. Continuo com vontade de esganá-la. Mical amava aquele
Davi que todos viam. O Comandante do exército de Israel. O que tinha boa aparência.
O que era mencionado nas canções. Não quem realmente ele era. Não a ponto de
fugir com ele. De arriscar sua vida por cavernas e desertos. E aqui, quando
mais uma vez surge a oportunidade dele ser genro do rei, me decepciono, quando
novamente diz que era pobre, de família e condição humilde. E daí? Era o rei
ungido do Senhor. Mas, para provar seu valor, mata duzentos filisteus, quando o
rei havia pedido cem, como dote para o casamento. Cem era muito. Na verdade,
uma cilada para matá-lo. Davi mata duzentos. E se redime comigo. Tudo bem.
Posso esquecer essa bobagem que falou. Mas não se redime por ter matado aqueles
homens e sim por ter atendido mais uma exigência de Saul. Para mim, ainda o que
conta é ele ter enfrentado o leão para salvar sua ovelhinha. Quando ninguém
estava vendo. E arrancá-la de sua garganta.
Os anos passam. Davi torna-se rei. E num belo dia de primavera, quando os reis costumavam sair para
as batalhas, o rei Davi enviou Joabe, o chefe de seu exército, e seus guerreiros.
E permaneceu em Jerusalém. Seu erro começa aqui. Não estava no lugar aonde
deveria estar. O exército de Israel
acampado em guerra. O rei dormindo tranquilamente, após o almoço. Foi passear
no terraço do palácio real. Ele olha. Vê uma mulher tomando banho. Acha-a
bonita. Chama alguém para lhe dizer quem ela era. Informam que é a
esposa de seu servo, Urias.
Urias, um de seus valentes, homem guerreiro e
leal. Davi poderia ter saído do terraço. Corrido como José. Mas não. Ela era
casada. Esposa de seu guerreiro. Aquelas palavras ecoaram, com certeza, em sua
mente. Mais uma chance de sair do terraço. De correr. De pegar sua harpa e
compor uma canção, prostrado aos pés de seu Senhor. Mas não. Usando seu poder de rei, manda trazê-la. E deita-se
com ela. Meu coração chega a doer. Imagina o de Deus.
A guerra continua. Os
dias passam. Davi continua em Jerusalém. Bete-Seba lhe informa que está grávida. Davi manda
chamar Urias. Que homem esse Urias! Não se deita com sua mulher! Seria uma
deslealdade para com Deus. Para com o exército de Israel. Seria como beber a água
que Davi derramou, quando seus valentes a trouxeram de Belém.
Como está escrito, um
abismo chama outro. E ao adultério, Davi acrescenta o assassinato de um leal e
valoroso soldado.
Como o Senhor falou a
Caim, o pecado está á porta, mas temos que dominar sobre ele. Nosso inimigo
nunca vai desistir de nos tentar, das mais variadas formas. Por isso é tão
importante estarmos em Deus. Com nossos olhos nEle. Ouvindo Sua voz.
Obedecendo-lhe. Escolhendo-O todos os dias. O dia todo. Caso contrário, somos
presas fáceis.
O lindo é que Davi
confessa e se arrepende. E não tem como não admirar sua atitude com relação ao
filho dele e de Bete-Seba. Yahweh disse que a
criança morreria. Davi se humilha diante do Senhor. Com clamor e jejum. Sete
dias. A criança morre. Ele ouve um sonoro não de Deus. Claro que doeu. Mas
imediatamente se levanta. Toma um banho. Perfuma-se. Troca suas roupas. Entra
no Santuário. Adora ao Senhor. Volta para casa. Não fica se lamentando. Não
fica lambendo suas feridas. Recordando-se de sua dor. Alimenta-se. Consola
Bete-Seba.
Ter aprendido a ouvir o não do Senhor e ainda assim adorá-Lo agradou
o coração de Deus, que lhe deu outro filho. Um filho que o Senhor "muito
amou". O Senhor o amou tanto que mandou Natã até Davi para lhe falar. E,
embora Davi tenha posto o nome desse filho de Salomão, o profeta passou a chamá-lo
de Jedidias, "Amado do Eterno".
Ouvir um não de Deus
é algo muito difícil. Principalmente nessa situação. Mas se ainda assim nosso
coração for grato e confiarmos nEle, tal atitude abre portas para nos
abençoar, muito além do que pedimos ou pensamos. O Senhor não apenas abençoou
aquela criança, o Senhor "muito o amou".
Que aprendamos a
ouvir o sim e o não do nosso Pai amoroso, com o coração grato, de um verdadeiro
adorador.
O Senhor perdoou
Davi, mas quanta desgraça aquela permanência no terraço lhe trouxe! Se houvesse
uma maneira de voltar atrás, tenho certeza que faria. Amnon seu filho, abusa de
sua filha, Tamar, e a seguir, a despreza. Para mim, uma das cenas mais tristes
da Bíblia. Não consigo ler sem chorar horrores. Vejo aquela menina, linda, com
o coração repleto de sonhos, que trajava uma túnica especial, longa e colorida,
própria das filhas virgens do rei, sair pela rua, com cinza na cabeça, rasgando
sua túnica, a mão sobre a cabeça, chorando em desespero e alta voz. No meio da
rua! Seus sonhos despedaçados. Diante de todos. E vai para a casa de seu irmão Absalão. Seu
lugar era na casa do pai. No colo do pai, para ser curada e consolada. Não na
casa do irmão. E aí, meu coração se parte em mil pedaços.
Davi ficou muito
indignado, mas não fez nada, porque amava muito a Amnon, seu primogênito. E sua
filha? Nem ao menos a chamou para casa. Sua passividade o fez perder Tamar. O
fez perder Amnon, que foi morto por Absalão. O fez perder Absalão, que foi
morto pelo ódio que fervia em seu coração. O fez perder o trono. Quanta desgraça
atingiu sua vida! Quando Davi deveria ter fugido, ficou. Quando deveria ter
agido, se esquivou. E, para mim, sua atitude para com Amnon e Tamar é muito
mais terrível que o adultério e o assassinato que cometeu. Eram seus filhos.
Precisavam de sua ação. De sua intervenção.
É nossa responsabilidade
abençoar e proteger nossos filhos, para os projetarmos ao futuro de Deus para
eles. Lançá-los como flechas ao alvo. E Davi se esquiva. Não disciplina. Não
estende a mão. Não toma nenhuma atitude. Vê tudo acontecendo debaixo do seu
nariz e não faz nada. Quanta coisa poderia ter sido evitada se tivesse agido
como pai e não como um espectador! Louvo ao Senhor pela
história toda ter sido contada, mas não consigo não ficar chocada cada vez que
leio. Com o coração apertado.
Pecado é algo devastador. Para nós! Por isso Deus
nos exorta. Por nos amar. Por nos querer inteiros. E não farrapos humanos. Não por Deus ser legalista, mas por nos amar, pois sabe o que o pecado faz ao homem.
Não sei quanto tempo
havia se passado desde a história com Bete-Seba. Davi ainda estava sendo
curado? Sentia-se inadequado para agir? Não sei. O pecado nos desconecta de
Deus e dos homens. Choro por ele. Quero vê-lo restaurado. Dói muito aprender
com o erro de quem quer que seja. É muito triste.
Que aprendamos! A
fugir quando precisarmos. A agir quando necessário. Que jamais sejamos
espectadores de ações covardes e humilhantes! Que sejamos agentes de mudança,
como nosso Senhor Jesus nos ensinou, com Seu maravilhoso exemplo.
Que sigamos o
conselho de João: "Caro filhinhos, estas palavras vos escrevo para que não
pequeis. Se, entretanto, alguém pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus
Cristo, o Justo!" - I João 2.1
Que fujamos do padrão
demagógico de santidade, sendo sempre, em todo o tempo, completamente
dependentes dEle! Que nos arrependamos sempre que necessário, retomando ao
nosso lugar de filhos e santos, o que só conseguimos se estivermos nEle. Em
comunhão, intimidade e vulnerabilidade diante dEle.
Que acolhamos os que
caíram pelo caminho. Para que sejam curados. Restaurados.
Que o pecado nos
entristeça porque O entristece. E não queremos estar longe dEle. Em tempo
algum. Pelo simples fato de que Ele nos amou. Entregou-nos o Seu coração. E somos
dEle. Assim como Ele é nosso. O amamos. E O queremos em nossas vidas. Sempre. A
cada dia. E queremos estar inteiros. Ser inteiros. E acertar o alvo.
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