quarta-feira, 30 de março de 2016

Que identidade carrego?

I Reis 13 é um capítulo que sempre me intriga. A primeira vez que li fiquei quase doida, sem entender nada.

Jeroboão, indo de mal a pior, transformou-se em uma árvore com frutos envenenados. Fez todo Israel pecar. Escolheu arbitrariamente uma data, segundo as intenções do seu coração, e sacrificou no altar. 

No exato momento em que estava em pé diante do altar para queimar incenso, um "homem de Deus", vindo de Judá, chegou a Betel, por ordem do Senhor.

Deus sempre tem os Seus "exatos momentos".

Esse homem de Deus, curiosamente não tem seu nome citado. A Bíblia sempre cita o nome das pessoas, mas desse homem não. E claro, fico intrigada. Como assim? Qual o nome desse bendito? Mas ele carregava uma identidade poderosa, "homem de Deus". O capítulo todo repete "e o homem de Deus isso", "o homem de Deus aquilo".

E aí, claro, volto a pensar em nomes. E a repetir que nossa identidade está intrinsecamente ligada aos nossos nomes. E não tem como não pensar em Abrão, o "Pai das alturas" e Jacó, o "Suplantador". E Deus mudando os nomes para poder mudar a identidade. Alguns, como eu, tiveram o privilégio de ter nomes que carregam suas identidades. Seus chamados. Abrão e Jacó, não. Imagino que o mesmo aconteceu com esse homem, por isso é conhecido apenas como o "homem de Deus".

Yahweh determinou que esse "homem de Deus" profetizasse contra o altar. Lindo que junto com a profecia sobre a morte dos idólatras, há uma promessa. De um descendente de Davi, chamado Josias. Levou alguns anos para nascer. Mas nasceu e realmente fez o que o "homem de Deus", por ordem de Deus, profetizou naquele dia. O Senhor sempre cumpre o que promete.

Quando em Israel,  vi muitos altares. Aquele "homem de Deus" profetizou que o altar iria partir, como sinal do que aconteceria no futuro. Quando Jeroboão ouviu aquilo, estendeu sua mão contra o "homem de Deus", ordenando que o prendessem. Na mesma hora, sua mão ficou paralisada, como se estivesse seca. Uma árvore seca. E o altar partiu. E toda a cinza se derramou. Jeroboão rogou ao "homem de Deus" que aplacasse a ira de Deus; Que autoridade um homem de Deus tem! De aplacar a ira de Deus! O "homem de Deus" orou e o braço do rei voltou ao normal.

Jeroboão convidou o "homem de Deus" para ir à sua casa e ali se alimentar. Esse "homem de Deus" tinha uma palavra clara do Senhor de não comer ali e de voltar por um caminho diferente. Então, não aceitou e tomou o seu caminho.

Em Betel, "casa de Deus", havia um profeta já idoso que ouviu de seus filhos a história do "homem de Deus". Imediatamente, tomou um jumento e foi atrás dele. Encontrou o "homem de Deus" sentado debaixo de um grande carvalho. Imagino a cena. Vejo o carvalho. Sinto o cheiro da terra. E meu coração se enche de saudades de Israel. 

O profeta perguntou: "És tu o "homem de Deus"?" Ele respondeu: "Sim." Sabia quem era. Aquele era o seu nome. "Homem de Deus" era a sua identidade.

O "profeta velho" então convida-o para ir à sua casa, comer alguma coisa. Ele se recusa. Tinha uma palavra de Deus específica para não comer. Lembrei de algo que sempre acontece comigo. Se estou em jejum de carne vermelha, invariavelmente tenho que ir a vários churrascos. Se de chocolate (que eu amo), pode estar certo de que ganho caixas de chocolate belga ou suíço. Já ganhei chocolate até no meio da rua! Surge chocolate de todos os lados, como se fosse uma chuva. Uma enxurrada. Uma avalanche. Se for de café da manhã, inventam todos os dias fazer café da manhã, de tudo o que mais gosto, aonde quer que eu vá. Se de jantar, invariavelmente terei que participar de alguns e pode acreditar, nos meus restaurantes preferidos. E beber água enquanto os outros jantam. Pois bem, aquele "homem de Deus", recebe convites para comer, quando tinha uma palavra específica de Deus para não comer. E, assim como havia explicado ao rei, explica ao profeta. Mas o profeta lhe diz que um anjo havia dado uma ordem para chamá-lo de volta, para comer e beber. Aqui, recordo-me de Paulo, enfatizando sobre o Evangelho e dizendo que mesmo que um anjo dê outra mensagem, não devemos crer. Como isso é sério!

O "homem de Deus" tinha uma palavra específica de Deus. O profeta lhe deu outra orientação. Era mentira. Ele, mesmo sendo um "homem de Deus" não consultou ao Senhor. Não provou aquela palavra. Por que ou para que, o Senhor mudaria de ideia? Ele foi. Comeu e saciou sua sede.

Nessa parte da narrativa, fico muito mais intrigada. Por que o profeta mentir para o "homem de Deus"? Será que um dia foi também um homem de Deus e agora era apenas um "profeta velho", que não produzia mais frutos? E seu coração se encheu de inveja daquele homem? Por que induzir o homem ao pecado? Árvore velha. Com frutos envenenados. Seu nome também não é citado. Apenas sua identidade, "profeta velho".

E fico triste porque, só depois que o "homem de Deus" comeu e bebeu, a Palavra do Senhor veio àquele "profeta velho" e o Senhor fala que ele desobedeceu. E que não seria sepultado no túmulo dos seus antepassados. Como é sério não obedecer! Sério demais. E aquele "homem de Deus" foi atacado por um leão e morreu no caminho. Fico "passada". Perplexa!

Aquele "profeta velho" ainda tem a coragem de dizer, quando contaram a ele sobre o ataque do leão, que o "homem de Deus" desafiou a palavra do Senhor. Tenho vontade de esganar esse profeta! Que homem nojento! E penso na seriedade de tudo isso.

Graças a Deus por Jesus! Pelo Seu sangue. Por Sua graça. Olho para o Senhor e lembro que nosso relacionamento é baseado no amor. Ele se entregou por mim. Deu-me Seu coração. E eu me entreguei a Ele. Pedi que furasse minhas orelhas para ser dEle, para sempre (Salmos 40.6 e Exodo 21.1-6). E é assim. Somos dEle e Ele é nosso! Obedecemos por causa desse amor.

Que aprendamos a ouvir e obedecer Sua voz! Que sejamos livres dos enganos! Que sejamos renovados. Sempre voltando ao primeiro amor. Que nunca sejamos "profetas velhos". Que nunca levemos outros ao pecado. Que ministremos vida uns aos outros. A cada dia. Sabendo a identidade que carregamos. Sabendo exatamente quem somos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário