Continuamos através do capítulo 15 de Mateus.
Jesus retirou-se daquele lugar e foi para a região de Tiro e Sidom. Tiro ficava Fenícia, hoje Líbano.
Uma mulher daquele lugar veio a Jesus, desesperada, gritando: “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! Minha filha está endemoninhada e está sofrendo muito”.
Observo essa cena com olhos arregalados. Aquela mulher não pertencia ao povo de Israel, é chamada no texto de “cananéia”. No entanto, sabia quem era Jesus. Dirigiu-se a Ele, clamando, chamando-O de Senhor e Filho de Davi.
Meus olhos quase saltam quando vejo o Senhor sequer se mexer. Ele não disse uma palavra. Olho atentamente. O que irá acontecer?
Os discípulos vão falar com Ele. Fico parada. Atenta. Quero ouvir. Eles pedem a Jesus que mande a mulher embora. Não estão aguentando o grito dela atrás deles. Minha boca fica seca. Não posso acreditar em uma cena dessas.
Uma mulher clamando misericórdia. Jesus sem responder. Os discípulos pedindo a Ele que a mande embora. Não que Ele atenda a mulher, mas que a mande embora! Meu coração está a ponto de sair pela boca. E partido. Não sei o que está acontecendo. Não entendo.
Jesus responde que foi enviado apenas às ovelhas perdidas de Israel. O que Ele está fazendo então em uma região com tantos gentios? E os outros gentios que Ele atendeu? E Ele não é afinal, a luz para os gentios?
Nem sequer pisco. Aquela mulher vai sair furiosa dali, gritando horrores. Falando mal de Jesus.
Mas não. Ela O adora. De joelhos. E suplica: “Senhor, ajuda-me”!
Como ver uma cena dessas e não me desfazer em lágrimas? Ela clama desesperadamente pela filha, que jaz endemoninhada em casa. Encontra um Jesus que se cala e depois diz que foi enviado apenas às ovelhas perdidas de Israel e ela se prostra diante dEle, adorando-O.
Que diferença para os mestres da lei, fariseus e saduceus, que só se aproximavam dEle para questionamentos ridículos.
Ela o adora. Fico pasma! Que mulher é essa?
Agora Jesus vai curar sua filha, penso. Não sei você, eu não consigo piscar. Meu coração bate na boca, prestes a saltar. Jesus começa a falar.
Ele responde que não é certo tirar o pão dos filhos e lançá-los aos cachorrinhos. Meu estômago revira. Minha boca está aberta. Agora a mulher vai sair jogando poeira em cima de todos. Foi isso mesmo que ouvi? Jesus chamou a mulher de cachorrinho? Sei que os judeus costumavam chamar os gentios assim, mas esse é Jesus. Alguma coisa está errada.
Para meu total espanto, a mulher concorda com Ele. Concorda. Ela responde: “Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”.
Continuo chorando. Aquela mulher concordou que era um cachorrinho, que não pertencia ao povo de Israel, mas sabia que podia ficar com algo simples como uma migalha. Aquele era o Senhor, Filho de Davi, o Messias que devia vir ao mundo. Libertar sua filha de demônios era como uma migalha para Ele.
Meu coração acelera. Vejo algo no rosto de Jesus.
Ele responde: “Mulher, grande é a sua fé! Seja conforme você deseja”.
Naquele mesmo instante, sua filha foi curada.
Ufa! Esse é o Jesus que eu conheço. Misericordioso. Acessível a todos.
Já vi muitas explicações sobre esse texto. A mulher precisava ser tratada de seu orgulho e tantas outras coisas. Mas acredito que esse texto foi escrito para mim. Talvez para você.
Jesus foi até aquela região, habitada por muitos gentios. Sempre curava a todos. Não ia deixar de curar.
Os discípulos não se apiedaram dela. Será que temos agido assim também? Não suportando gritos atrás de nós clamando por socorro, clamando por Jesus?
Jesus elogiou sua fé. Era isso que queria ver? Sua perseverança? Até onde ela iria para conseguir o que queria? Até onde iria pelo que amava?
Ele jamais iria até lá para não fazer nada. O único empecilho de milagres era a falta de fé, como aconteceu em Nazaré. Todos que se aproximaram dEle, com fé, receberam o que desejavam, precisavam.
Estou sentada no meio do caminho. Não consigo prosseguir agora. Preciso pensar. Sente-se comigo.
Quando os obstáculos vem, achamos que Ele não quer nos abençoar? Desistimos, virando as costas?
Em nenhum momento aquela mulher pensou nisso. Continuou a clamar e adorar, mesmo sendo, aparentemente, rejeitada por Jesus.
Temos sido perseverantes? Temos clamado até que ponto pelo que amamos?
Diante do não do Senhor, viro as costas emburrada ou me prostro aos Seus pés e O adoro? http://www.espalhandoasemente.com/2017/04/quando-deus-diz-nao.html
Diante de Seu silêncio, continuo adorando, esperando por Ele? Ou viro as costas para Aquele que sei ser o único que tem todas as respostas às minhas perguntas, abandonando-O no caminho?
Saio pisando duro quando Ele diz algo que não me agrada? Ou me ordena a fazer algo que não concordo? http://www.espalhandoasemente.com/2015/12/naama-e-o-processo.html
Muito a pensar. Muito a aprender com a atitude dessa mulher.
Se fosse eu naquela situação, será que agiria da mesma forma? Ou gritaria impropérios para Ele, me sentindo injustiçada, deixando que o ódio e o ressentimento tomassem conta de mim? Será que eu me prostraria aos Seus pés e o adoraria? Ou cuspiria a Palavra como uma arma contra Ele, dizendo que aquilo não era justo?
Amanhã prosseguimos. Agora preciso sondar meu coração.
https://www.youtube.com/watch?v=80SJ8XHqKqM
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