sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Mateus 15.1-39




Leitura do dia 15/10.

Na postagem anterior vimos a morte de João Batista. A primeira multiplicação dos pães e peixes. O Senhor andar sobre as águas. Os enfermos tocando-O e recebendo cura. 
http://www.espalhandoasemente.com/2019/10/mateus-141-36.html

Agora, entramos através das páginas do capítulo quinze de Mateus.

Aparentemente Jesus continua em Genesaré, se não, naquela região, porque alguns fariseus e mestres da lei, vindos de Jerusalém, foram até Ele.

Quando lemos até aqui, podemos ficar animados, pensando que, finalmente, aqueles homens resolveram ouvir Jesus. Mas não, eles tinham perguntas. E foram logo perguntando, sem preâmbulos: “Por que seus discípulos desobedecem à tradição dos líderes religiosos”?. E, para o caso de Jesus não entender, citam a transgressão: “Eles não respeitam a cerimônia de lavar as mãos antes de comer!".

Mais uma vez gostaria de ter uma placa nas mãos, escrita: “Aplausos”. Jesus também era direto. Seu compromisso era com a verdade. Gosto quando responde uma pergunta com outra. Nos leva a pensar.

Também responde à queima-roupa, perguntando: “E (esse "e" aqui é muito importante) por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição”?. E, para o caso de não entenderem ao que está se referindo, cita um dos dez mandamentos, o que fala sobre honrar pai e mãe.

Os fariseus e mestres da lei usavam como desculpa a tradição para não cuidarem de seus pais. Diziam que o que podiam lhes oferecer haviam dado em oferta ao Senhor. Interessante notar que, absurdamente, podiam ficar de posse e administrar essa oferta. Logo, não ofertavam ao Senhor. O que faziam era não cuidar de seus pais e invalidarem o mandamento usando uma tradição como desculpa. Jesus foi bem claro ao dizer que estavam anulando a palavra de Deus por causa de suas tradições.

Continua, chamando aqueles homens de hipócritas. Sinceramente, estou boquiaberta. Fico olhando, paralisada e maravilhada. Esse é o meu Senhor. Completamente comprometido com a verdade. Corajoso. Não tem medo de “bater de frente” com os líderes religiosos de Seu tempo, mesmo sabendo da grande influência que exerciam nas autoridades civis.

Para não deixar nenhuma dúvida do que estava falando, “quem tem ouvidos, ouça”, Jesus cita Isaías. Ele é transparente como água. “Bem profetizou Isaías acerca de vocês, dizendo”... O texto é direto. Era um povo que honrava ao Senhor com os lábios, mas o coração estava longe dEle. Adoravam ao Senhor em vão. Seus ensinamentos não passavam de regras, ensinadas por homens.

Continuo com minha plaquinha levantada. Não satisfeito em dizer a verdade aos fariseus e mestres da lei, que a essa altura deviam estar com “cara de tacho”, rangendo os dentes de raiva, Jesus chama a multidão para junto de Si. Todos deviam ouvir o que iria falar. “Ouçam e entendam”, foi como começou Seu discurso.

Explica a todos que o que contamina o homem não é o que entra através da sua boca, mas o que sai. Já havia dito anteriormente que o que sai da boca é o que está no coração. E o que sai do coração é o que realmente contamina o homem.

Olho para os discípulos. Estão boquiabertos também. Meio temerosos, percebo. Acho que até suando um pouco. Se aproximam dEle e perguntam: “Sabe que os fariseus ficaram ofendidos quando ouviram isso"?. Como se Ele não soubesse.

Jesus responde que toda planta que o Pai não plantara seria arrancada. Se houvesse entre aqueles homens alguém que de fato ouvisse e entendesse, se arrependeria de suas práticas. A verdade deve ser dita. E foi além, os discípulos não deviam se preocupar com eles. Eram cegos. Guiando outros cegos. Indo diretamente para um buraco.

Pedro pediu que lhes explicasse a parábola do que contaminava o homem. Jesus demonstra espanto por ainda não terem entendido. Seus ensinamentos sempre eram voltados para o interior do homem, já estava na hora de entenderem.

Por que o que contamina o homem é o que sai do próprio homem? Tudo começa em nossos corações. Todas as palavras ditas, todos os atos, têm sua raiz no coração. É do coração que saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias. Essas coisas nascem no coração para depois tomar vida, tornar-se realidade. 

Comer sem lavar as mãos não tem o mesmo peso. Não torna o homem impuro. Apenas cerimonialmente impuro. É completamente diferente.

Os fariseus não se importavam com o coração, somente com a aparência.

O Senhor enxerga além. Dentro dos nossos corações. Onde nascem nossos pensamentos, ideias, atos. É o nosso coração, acima de qualquer coisa, que deve estar limpo. É com nosso coração que devemos nos preocupar.

Claro, vamos lavar as mãos antes das refeições, por questão de higiene, não por questão de caráter.

Ainda com minha plaquinha na mão, fico ali sentada, em meio à multidão. Como tem estado meu coração? O que tem permeado meus pensamentos? O que tem me levado a agir a cada dia? Não esqueço de lavar as mãos antes das refeições, mas tenho mantido meu coração limpo e reto diante dEle? http://www.espalhandoasemente.com/2018/08/guardando-meu-tesouro.html
http://www.espalhandoasemente.com/2018/08/como-guardar-meu-unico-bem.html
http://www.espalhandoasemente.com/2017/12/o-que-e-mais-importante-tradicao-do.html

Percebo mais uma vez que o importante é quem somos, por dentro. Por isso o conselho do sábio, Salomão, que infelizmente andou um bom tempo por aí, sem guardar seu coração.

“Acima de todas as coisas, guarde seu coração,pois ele dirige o rumo de sua vida.” – Provérbios 4.23

Qual tem sido a disposição do meu coração? E do seu?

É dessa disposição que depende toda nossa vida.

Jesus retirou-se daquele lugar e foi para a região de Tiro e Sidom. Tiro ficava na Fenícia, hoje Líbano.

Uma mulher daquele lugar foi até Ele, desesperada, gritando: “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! Minha filha está endemoninhada e sofrendo muito”.

Observo essa cena com olhos arregalados. Aquela mulher não pertencia ao povo de Israel, é chamada no texto de “cananeia”. No entanto, sabia quem era Jesus. Dirigiu-se a Ele, clamando, chamando-O de Senhor e Filho de Davi.

Meus olhos quase saltam quando vejo o Senhor sequer se mexer. Não disse uma palavra. Olho atentamente. O que irá acontecer?

Os discípulos vão falar com Ele. Fico parada. Atenta. Quero ouvir. Pedem a Jesus que mande a mulher embora. Não estão aguentando o grito dela atrás deles. Minha boca fica seca. Não posso acreditar em uma cena dessas.

Uma mulher clamando misericórdia. Jesus sem responder. Os discípulos pedindo que a mande embora. Não que Ele atenda a mulher, mas que a mande embora! Meu coração está a ponto de sair pela boca. E partido. Não sei o que está acontecendo. Não entendo.

Jesus responde que foi enviado apenas às ovelhas perdidas de Israel. O que está fazendo então em uma região com tantos gentios? E os outros gentios que atendeu? E Ele não é afinal, a luz para os gentios (Isaías 49.6)?

Nem sequer pisco. Aquela mulher vai sair furiosa dali, gritando horrores. Falando mal de Jesus.

Mas não. Ela O adora. De joelhos. E suplica: “Senhor, ajuda-me”!.

Como ver uma cena dessas e não me desfazer em lágrimas? Ela clama desesperadamente pela filha, que jaz endemoninhada em casa. Encontra um Jesus que se cala e depois diz que foi enviado apenas às ovelhas perdidas de Israel e ela se prostra diante dEle, adorando-O.

Que diferença para os mestres da lei, fariseus e saduceus, que só se aproximavam dEle para questionamentos ridículos. Ela o adora. Fico pasma! Que mulher é essa?

Agora Jesus vai curar sua filha, penso. Não sei você, não consigo piscar. Meu coração bate na boca, prestes a saltar. Jesus responde que não é certo tirar o pão dos filhos e lançá-los aos cachorrinhos. Meu estômago revira. Minha boca está aberta. Agora a mulher vai sair jogando poeira em cima de todos. Foi isso mesmo que ouvi? Jesus chamou a mulher de cachorrinho? Sei que os judeus costumavam chamar os gentios assim, mas esse é Jesus. Alguma coisa está errada.

Para meu total espanto, a mulher concorda com Ele. Concorda. Ela responde: “Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”.

Continuo chorando. Aquela mulher concordou que era um cachorrinho, que não pertencia ao povo de Israel, mas sabia que podia ficar com algo simples como uma migalha. Aquele era o Senhor, Filho de Davi, o Messias que devia vir ao mundo. Libertar sua filha de demônios era como uma migalha para Ele.

Meu coração acelera. Vejo algo em Seu rosto. Ele responde: “Mulher, grande é a sua fé! Seja conforme você deseja”. Naquele mesmo instante, sua filha foi curada. Ufa! Esse é o Jesus que conheço. Misericordioso. Acessível a todos.

Já vi muitas explicações sobre esse texto. A mulher precisava ser tratada de seu orgulho e tantas outras coisas. Mas acredito que esse texto foi escrito para mim. Talvez para você também.

Jesus foi até aquela região, habitada por muitos gentios. Sempre curava a todos. Não ia deixar de curar. Os discípulos não se apiedaram dela. 

Será que temos agido assim também? Não suportando gritos atrás de nós clamando por socorro, clamando por Jesus?

Jesus elogiou sua fé. Era isso que queria ver? Sua perseverança? Até onde ela iria para conseguir o que queria? Até onde iria por quem amava?

Ele jamais iria até lá para não fazer nada. O único empecilho de milagres era a falta de fé, como aconteceu em Nazaré. Todos que se aproximaram dEle, com fé, receberam o que desejavam, precisavam.

Estou sentada no meio do caminho. Não consigo prosseguir agora. Preciso pensar. Sente-se comigo.

Quando os obstáculos vem, achamos que não quer nos abençoar? Desistimos, virando as costas?

Em nenhum momento aquela mulher pensou nisso. Continuou a clamar e adorar, mesmo sendo, aparentemente, rejeitada por Jesus.

Temos sido perseverantes? Temos clamado, até que ponto, por quem amamos?

Diante do não do Senhor, viro as costas emburrada ou me prostro aos Seus pés e O adoro? 
http://www.espalhandoasemente.com/2017/04/quando-deus-diz-nao.html

Diante de Seu silêncio, continuo adorando, esperando por Ele? Ou viro as costas para Aquele que sei ser o único que tem todas as respostas às minhas perguntas, abandonando-O no caminho?
Saio pisando duro quando diz algo que não me agrada? Ou me ordena a fazer algo que não concordo? http://www.espalhandoasemente.com/2015/12/naama-e-o-processo.htmll

Muito a pensar. Muito a aprender com a atitude dessa mulher. Se fosse eu naquela situação, será que agiria da mesma forma? Ou gritaria impropérios para Ele, me sentindo injustiçada, deixando que o ódio e o ressentimento tomassem conta de mim? Será que me prostraria aos Seus pés e o adoraria? Ou cuspiria a Palavra como uma arma contra Ele, dizendo que aquilo não era justo?
https://www.youtube.com/watch?v=80SJ8XHqKqM

Depois desse acontecimento,, Jesus saiu da região de Tiro e Sidon. Foi para a beira do mar da Galileia. Lá, subiu a um monte, onde se assentou.

Uma grande multidão foi até Ele. Essa multidão levou aleijados, cegos, mancos, mudos e muitos outros, que eram colocados aos Seus pés. Ele os curava. O povo ficava admirado vendo os mudos falando, os mancos curados, os aleijados andando e os cegos vendo, embora esse resultado fosse o esperado, uma vez que estavam levando aquelas pessoas até Jesus. Eles viam, se admiravam e louvavam ao Deus de Israel.

Depois de três dias, Jesus chamou Seus discípulos dizendo ter compaixão da multidão pois não tinham nada para comer. Não queria mandá-los embora com fome. Podiam desfalecer no caminho. Estavam ali há três dias!

Meu coração se ilumina diante dessas palavras. Percebo Seu cuidado com aquelas pessoas. O Senhor pode ter sido duro em muitas situações, mas também era sensível. Percebia as necessidades. Mesmo as mais simples. Quando era duro, era por Seu compromisso com a Verdade. Afinal, Ele é a Verdade.

Os discípulos, parecem ter esquecido que haviam presenciado uma multidão ser alimentada com cinco pães e dois peixes e perguntam: “Onde conseguiríamos comida suficiente para tamanha multidão neste lugar deserto?". 
http://www.espalhandoasemente.com/2017/12/continuamos-nossa-viagem-atraves-do.html

Será que isso também acontece conosco? Esquecemos o que Jesus já fez? Comigo, infelizmente, sim.

Jesus não responde. Ah, como amo esse jeito dEle! Simplesmente faz outra pergunta: “Quantos pães vocês tem”?. Precisamos, desesperadamente, aprender a ver as situações como o Senhor vê. Quando falou que queria alimentar a multidão, sabia onde encontraria o alimento. Talvez a pergunta certa dos discípulos fosse "como" e não "onde". Ou com "o quê"?

Eles responderam que tinham sete pães e alguns peixes. Problema resolvido. O Senhor ordenou que a multidão se assentasse. Tomou os pães e os peixes, deu graça, partiu-os, entregou aos discípulos. E os discípulos entregaram o alimento à multidão.

Todos comeram até ficarem satisfeitos. Ainda sobraram sete cestos cheios. Eram quatro mil homens, sem contar as mulheres e crianças.

Depois que Jesus alimentou a multidão, Ele a despediu. Entrou no barco e foi para a região de Magadã.

Jesus não se importa apenas com as necessidades da nossa alma e nosso espírito. Ele se preocupa também com o nosso corpo. Que estejamos bem alimentados, que não desfaleçamos pelo meio do caminho, num lugar deserto, onde não teremos como buscar socorro e alimento. Ele nos alimenta. Nos alimenta através daqueles que são, hoje, Seus discípulos.

Nós somos responsáveis para alimentar a multidão. Nós temos os pães e os peixes necessários, que nas mãos do Senhor, se multiplicarão. Basta partir, dividir, compartilhar. É assim que Ele multiplica. Através da divisão. Nós entregamos nossos recursos a Ele, Ele abençoa, multiplica e nos devolve, para que alimentemos a outros. Tudo que é dado a Ele, é multiplicado para abençoar. Sempre.

Hoje, ficamos por aqui.

O que temos à nossa disposição que podemos entregar a Ele? É nosso dever, como discípulos, alimentar a multidão. Com o que temos, mesmo que seja pouco. Temos em nós essa mesma sensibilidade que havia em Jesus? Ou deixamos que a multidão (ou alguém) vá, sem receber o alimento, correndo o risco de desfalecer em um lugar deserto, onde não encontrará o socorro necessário?

Amanhã prosseguimos. Leremos a partir do capítulo dezesseis. Até o dezoito.

Espero você. Até lá.

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